"O difícil, vocês sabem, não é
fácil..." Vicente Matheus
Nicanor de Freitas Filho
Cansei de tentar acompanhar a política, pois não sou
político, não sou jornalista, só gosto mesmo é de contar causos... Assim vou
voltar ao meu modo de escrever simples e meio caipira, reconheço! Vou novamente
lembrar dos “momentos marcantes”, com ensinou F. Veríssimo.
Na minha infância, digamos até os meus doze anos – e
mesmo mais tarde, quando eu estava de férias em Araxá – ia sempre ao cinema, pois entrava com meu tio
João Rosa, depois com o primo Maurício e mais tarde com meu irmão Alcino, todos
operadores do Cine Brasil. Mas eu os ajudava. Aprendi rebobinar os filmes e era
o que eu fazia. Mas tinha direito de entrar junto com eles e, obviamente sem
pagar, pois não tinha outra forma de ir ao cinema. Era uma pobreza só!
Lógico, que o que mais gostava, era ir às matinês,
Tarzan, Flash Gordon, Hopalong Cassidy, Batman, Genny Autri, Fantasma e muitos
outros seriados famosos. Mas os dois filmes que mais assisti, pelo menos uma
dúzia de vezes cada um, foram “La Violetera” e “Trapézio”. Nestes dois filmes,
eu, criança de 12 anos, me “apaixonei” pelas atrizes Sarita Montiel e Gina
Lolobrigida, respectivamente atrizes de La Violetera e Trapézio. Como sempre
gostei muito de músicas, também sou apaixonado, pelo bolero La Violetera e pela
valsa Danúbio Azul, trilhas sonoras dos respectivos filmes.
Isto posto, vou agora para os anos 80, quando eu era
sócio do Clube Espéria, e pelas mãos do meu amigo Perez, tornei-me membro do
Conselho Deliberativo e depois, quando ele foi eleito Vice-Presidente Social,
convidou-me a fazer parte da Diretoria Social, cargo que exerci por quase dois
anos, não completando o mandato por ter mudado para Cuiabá em abril de 1987.
Nesse período, embora eu tenha ficado muito ligado às
concessões de serviços, ajudava em tudo que podia. Foram promovidos muitos
shows e bailes naquela oportunidade e eu procurava colaborar sempre. Dentre os
que mais me lembro de ter participado muito, foram das apresentações do
Belchior e o da Sarita Montiel. Esta, seguida de um baile, depois do show – e
que show!
Como diretor, tinha direito a escolher a mesa, bem na
frente, e à beira da pista. Como a mesa era para quatro pessoas, convidei minha
prima e comadre Márcia e seu marido Jaime. Como eu queria ver o show, pois era
“apaixonado” pela Sarita Montiel e não sabia se teria outra chance de vê-la –
como realmente não tive – digamos assim, “sacaneei” meus convidados, ficando
minha mulher e eu de frente para o palco e meus convidados, assim meio de
costas. Eu tinha levado o LP La Violetera, para tentar pegar o autógrafo dela –
o que não me foi possível – mas era minha intenção fazê-lo.
Como tinha outras obrigações a cumprir como Diretor
Social, não pude acompanhar a chegada dela ao Clube, mas o LP estava guardado
lá na sala da Diretoria e assim que fosse possível, correria lá para pegá-lo e
conseguir o autógrafo. Eu tinha todo um plano muito secreto, pois achava que
minha mulher poderia ter ciúmes, embora ela nunca tivesse demonstrado isso.
Sempre falei na Sarita Montiel.
Na hora do show, quando a Sarita subiu ao palco, todos os
que estavam de costas para ela, puxaram as cadeiras para o lado, pois o salão
era grande, para ficarem de frente e poderem assistir como nós, que já
estávamos de frente para o palco. O meu amigo Jaime puxou a cadeira para o meu
lado, ficando na beirada da pista. Sarita Montiel, realmente deu um show que
nunca vou esquecer, não só pela linda voz, pelas belas canções que cantou, como
pela simpatia e delicadeza dela com a plateia. Dentre as canções lembro-me de
“La rosa de Madrid”, “Flor de te”, “Gitana”, “Mimosa” “Tu ojitos negros” e muitas outras...
Enquanto eu me extasiava, assistindo ao vivo, minha Diva
cantar todas essas músicas que eu tanto conheço e gosto de ouvir, eis que ela
desce do palco, com o microfone na mão, e vem cantando “La Violetera”,
passeando pela pista do salão de baile. Parava em algumas mesas e fazia um
carinho, num espectador , homem ou mulher. Assim, foi passeando pelo salão, até
que se aproximou de nossa mesa, e num ato espontâneo ela sentou-se nos joelhos
do meu amigo Jaime, segurando em seu ombro...Na hora me bateu a pergunta: “Porque eu não fiquei sentado ali?” Será que ela não sabia que eu é que era Diretor
Social do Clube? Porque se sentou nos joelhos do meu amigo e não nos meus?
Pois é, nem ela veio sentar nos meus joelhos, nem eu tive
coragem de qualquer reação...Ficou só a lembrança desse momento marcante!
Quem quiser lembrar se da música clique no link: https://youtu.be/CvEewM1I7JM
Nomeação de Diretor |
LP sem autógrafo |