domingo, 27 de dezembro de 2015

Brasil e sua sina

Nicanor de Freitas Filho

            Desde que eu era uma criança sempre ouvia, meus tios, primos e amigos dizerem que “...o Brasil é o país do futuro!”. Sempre acreditei nisto, pois sou otimista por natureza. Principalmente porque, sendo muito pobre, fui internado numa excelente Escola Agrotécnica em Muzambinho e descobri que realmente, o Brasil “era” o país do futuro! Lá descobri que existia uma tal de Agricultura, que era a vocação do Brasil, principalmente nos primeiros ensinamentos dos professores da área Técnica, como Dr. Antonio Cobra, Dr. Lessa, Prof. Romário. O livro que o Dr. Antonio adotava, de capa verde e branca, da Editora Melhoramentos, tinha na primeira página: “O solo é a Pátria, cultivá-lo é engrandecê-la!” E continuo acreditando nisto até hoje, pois é isto mesmo!
            Quando já era mais velho um pouco, ainda antes da Revolução de 1964, li que o Presidente da França, Charles De Gaulle, disse: “...le Brésil n'est pas un pays sérieux.” Note-se que o Embaixador do Brasil na França entre 1956 e 1964, Carlos Alves de Souza, escreveu que a frase é dele e não de De Gaulle, mas ficou na história como sendo dita por De Gaulle. Devo acreditar nisto? Será que é isto mesmo?
            Mais tarde estudei Economia, e, dentro do Curso tem uma matéria, entre outras de igual valor, que se chama “Economia Política”. Nestes anos de Faculdade aprendi que a intervenção do Governo na Economia, só deve ocorrer dentro das políticas essenciais ao convívio, como Educação, Saúde, Segurança, Relações Exteriores, Meio Ambiente e parcialmente em Transportes, Economia (Receitas e Despesas Públicas), Previdência Social e outros. Também aprendi um pouco de Direito e nesta área, por exemplo, que os três poderes da República, devem ser independentes e harmônicos entre si. O que sempre entendi é que um Poder da República tem que seguir a Constituição e, principalmente, ser independente, embora harmônico com os demais. Aprendi também que o Poder Legislativo é bicameral, ou seja, é composto por duas Câmaras, uma representando o povo – a dos Deputados – e outra representando os Estados – a dos Senadores – mas que também devem ser independentes e harmônicas. Às vezes se juntam e formam o Plenário do Congresso. E na Constituição este fato é bem claro. E continuo acreditando nisto até hoje, pois é isto mesmo!
            Será que é isto mesmo? Sei não! Acho que fui otimista demais! Estávamos quase chegando no “futuro”, quase sem inflação, com câmbio flutuante, com os poderes trabalhando conforme manda a Constituição, com independência e harmonia, numa política de “retirada” do Governo das áreas que devem ser da iniciativa privada (telefonia, bancos, energia, estradas, aviação etc.), quando, de repente, apareceu um populista apedeuta, que entendia muito e tinha muita experiência em fazer as coisas, tipo assim, como são feitas nas “centrais sindicais”, na base de negociatas, peleguismo, conchavos, enganação, bravatas e muita mentira, bem na hora que o Mundo estava todo à nossa disposição para fazermos as coisas corretas e nos preparar, definitivamente, para entrarmos no Primeiro Mundo e deixarmos de ser “O País do Futuro”; mostrar nossa seriedade e provar que De Gaulle (ou o Embaixador Carlos Souza) estava errado. A Agricultura, que ia muito bem obrigado, foi desprezada e só se pensou em Mineração, Pré-sal e alguns ramos empresariais e empresários premiados para serem os campeões, sem nenhuma análise técnica correta e científica.  Foi feito exatamente o que ele sabia fazer: negociatas (BNDES), conchavos, peleguismo e muita enganação, criando um tal de “Mensalão” e depois o “Petrolão” para comprar os políticos desonestos, que se instalaram no Congresso e colocar nos Tribunais Superiores “amigos” que decidem sempre de acordo com o interesse do Executivo e dos “amigos” do Legislativo, que os apoiam! Ou seja, perdemos o bonde da história!
            Depois das discussões ridículas, com o Joaquim Barbosa, no Mensalão, o STF com novos Ministros indicados pelo Executivo e aprovados pelos Senadores, especialmente para este fim, aceitaram a rever os julgamentos dos “mensaleiros”, perdoando-os no que puderam. E agora, depois de mais duas ou três indicações de novos Ministros, chegamos ao ponto de um Ministro do STF, durante o seu voto, ao citar um artigo da Constituição, deixou de ler uma parte do mesmo, porque, exatamente esta parte, “desdizia” o que ele estava dizendo! É uma vergonha! E os outros Ministros foram com ele! Aliás, teve uma Ministra, que é tão “prolixa” – e a mentira é mesmo difícil de dizer – que não conseguia esclarecer se votava de acordo com o relator ou com o dissidente do voto do relator. Ela falava e ninguém entendia o que ela estava votando. Até que o próprio Ministro – que leu o artigo pela metade – lhe perguntou, claramente, se ela votava com ele...
            Meu artigo já estava escrito, hoje pela manhã, quando li, no Estadão o artigo do ex-presidente do STF, Carlos Ayres Britto, que vou reproduzir abaixo a parte que me interessa. Referindo-se às decisões do STF: “...mas errou, data vênia, em acumular no Senado Federal as competências para processar e julgar o presidente da República e ainda negar trâmite a juízo formal de admissibilidade da acusação eventualmente feito pela Câmara dos Deputados e sem a desobediência a formalidades legais elementares. Esquecido do advérbio de modo ‘privativamente’ que se lê tanto no artigo constitucional definidor das competências da Câmara quanto do Senado (cabeça dos artigos 51 e 52, respectivamente). A revelar que, na matéria, cada qual das Casas Legislativas atua em faixa própria. O que é privativo de uma Casa Legislativa é somente dessa Casa mesma. Não admite compartilhamento. Pré-exclui a competência de outra para deliberar sobre o mesmo assunto, em suma. Pouco importando que uma delas seja coloquialmente (não positiva ou normativamente) etiquetada como Câmara Baixa e a outra como Câmara Alta. Cada qual no seu quadrado, então, eis a decisão correta que deixou de ser tomada e com todo o respeito é que assim me pronuncio.”
            Então, “O solo não é mais a Pátria”, o “Brasil não é mais um país do futuro” – tem gente que já me enviou mensagem de Feliz 2019, porque 16, 17 e 18 já eram – definitivamente “...le Brésil n'est pas un pays sérieux.”

sábado, 5 de dezembro de 2015

Cativar

“É uma coisa esquecida. Significa ‘criar laços’...”
Antoine de Saint-Exupéry

Nicanor de Freitas Filho

            Dia destes, estava levando meu neto ao Clube, onde ele faz alguns esportes. Nesse dia, estávamos só nós dois no carro. Ele se queixou de dois colegas do Clube. Um deles é muito bonzinho, embora meio “gozador”.  Então eu tentava explicar para ele que, para se ter amigos de verdade, é preciso de cativá-los. Ele, dos seus 8 anos perguntou: “O que é cativá-los?”
            Comecei dizendo que cativar é respeitar e se fazer respeitar, é saber dividir as coisas boas de forma que todos saiam ganhando, é fazer o que os outros gostam mas fazer com que eles façam o que a gente também gosta... Ele me interrompeu: “Vovô, vamos falar de futebol? Isto está muito difícil!” Na hora eu me calei e naqueles minutos que ficamos pensando sobre o que conversar, eu fiquei decepcionado, por não saber explicar ao meu neto o que é cativar. Veio então uma vaga lembrança de uns 55 ou 60 anos atrás, quando li “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry, que muito me marcou. Refiro-me à conversa do Pequeno Príncipe com a Raposa, que explicou claramente para ele o que era “cativar”. Mas não consegui, naquele momento, me lembrar exatamente da explicação da Raposa. Então passamos a falar de futebol e como ele tem boa memória, sabe a classificação, saldo de gols, número de vitórias e muitas outros dados importantes sobre os times, a conversa sempre flui. Então, de repente, ele disse: “Você viu quem é o novo Técnico do São Paulo? É o Doriva. Ficou na Ponte Preta só uns dois meses...Vovô, já foram mais de 25 Técnicos trocados e só tem 20 times no Brasileirão! Não é engraçado?”
            Aí, então eu disse para ele: “Os Técnicos não sabem cativar, os Diretores dos Clubes também não sabem... Todos deveriam saber cativar os jogadores, a torcida, os Diretores e os Técnicos... Deu para entender o que é ‘cativar’?” Ele respondeu: “Não Vovô, o que os Técnicos fazem é o normal, perde tem que sair...” Pensei, meu Deus, como essa Imprensa trata o assunto tão vulgarmente e naturalmente, que na cabecinha dele é normal trocar de Técnico, quando perde! Que pena! Poderia entender tudo isto de outra forma, mas infelizmente foi assim que ele aprendeu.
            Chegando em casa, fui procurar na estante “O Pequeno Príncipe” e fui direto para o encontro do Príncipe com a Raposa. Curiosamente ele faz a mesma pergunta várias vezes à Raposa: “Que quer dizer ‘cativar’?”Como o meu neto a fez. A Raposa, muito mais esperta que eu, depois de várias pequenas explicações finaliza dizendo que “É uma coisa esquecida. Significa ‘criar laços...’...Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música...Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz...” E finalmente, depois de cativada, conta-lhe o segredo: “...só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos... Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante... Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
            Então eu li o capítulo, de onde tirei os trechos acima, para ele, no dia seguinte, que curiosamente ele aquietou-se para ouvir. Quando terminei, perguntei se queria ler o resto, claro que ele disse que não, pois já estava cansado de ouvir-me. Ele então se aconchegou, colocou o braço sobre o meu ombro e disse: “Agora eu sei. É só te fazer uns carinhos e obedecer direitinho, que a gente te cativa...” 
Falar o que?

sábado, 28 de novembro de 2015

Hino da Escola Agrotécnica de Muzambinho


Alguns colegas que não foram no encontro de Muzambinho no dia 21 pp, me questionaram sobre o que eu fui falar lá na frente. E os que foram, alguns me questionaram sobre a letra do Hino que cantei.
Para os que não foram, eu não fui falar e sim cantar o Hino da Escola, que resolvi então, postá-lo aqui para que todos se lembre da linda música, bem marcial, que é o nosso Hino. Para os que foram, concordo que eu também não tenho certeza da letra, principalmente em dois versos: “Já é o seu nome na história” eu acho que seria: “Brademos seu nome na história”,  e o outro verso é “Nesta escola uma grande oficina”, eu acho que seria: “Esta escola é uma grande oficina”, mas não tenho certeza, por isso cantei sobre a letra que foi divulgada no encontro do ano passado, corrigindo apenas o que eu tinha certeza absoluta.

Assim peço aos colegas mais antigos, que aprenderam a cantar com o Coronel Santa Cecília, que nos informe o correto.  Talvez tenha arquivo nos anais da Escola. Neste caso acho que o Carlos Esaú, seria a pessoa certa para verificar. De qualquer forma, garanto que a música está certa e aí vai para quem não me ouviu na Escola.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

São Paulo e sua sina IV

"O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." Martin Luther King
...então vamos fazer barulho...
Nicanor de Freitas Filho

            Eu não queria mais falar do poste 2, que a partir de agora, enquanto a lei do direito à resposta, do Senador Requião não entra em vigor, vou chamar pelo nome dele mesmo, mas vou colocar um substantivo antes: “energúmeno Haddad”. Depois você olha no dicionário e vê se não é mesmo energúmeno!
            Dentre os desatinos que ele vem praticando, a maioria inventada pelo outro energúmeno sem “tatto”, seu secretário de transportes, agora ele conseguiu fazer uma besteira que não tem tamanho.
            A Praça 14 Bis, que é cortada pela Av. 9 de Julho, tem mais seis ruas que saem dela. Era um “enrosco” passar por ali. Aí resolveram grande parte do problema, construindo um elevado, chamado Viaduto Dr. Plínio de Queiroz, que levou cerca de 70% dos carros que passam pela Av. 9 de Julho a não atrapalhar o trânsito na praça. Se não resolveu o problema 100%, foi uma excelente solução, pois tirou o tal “enrosco” que ficava na praça, pois 70% dos carros passaram a ir pelo viaduto, que tem duas pistas em cada mão de direção. Eu morei na Rua Paim antes da construção do Viaduto e sei como era vir pela Av. 9 de Julho e tentar subir a Rua Paim, principalmente vindo do bairro para a Praça da Bandeira.
            Pois é, agora o energúmeno Haddad, com certeza, aconselhado pelo energúmeno sem tatto, resolveu que sobre o viaduto só vão circular os ônibus. Ora, sobre o viaduto tem um ponto de ônibus que foi feito fora das pistas de rolamento e tem um ponto de cada lado (um ponto para cada mão de direção). Então fica assim: os ônibus têm que parar no ponto, pois são pontos movimentados, e como tem duas pistas, os ônibus vão poder usar só uma, pois só a pista da direita dá acesso ao ponto, onde ficam as pessoas. E a outra pista vai ficar vazia, ou talvez, os ônibus se enroscando para ver que consegue chegar ao ponto primeiro, para descer ou subir passageiros. Deu para entender? Não tem como os ônibus utilizarem as duas pistas, porque só uma das pistas tem acesso ao ponto!
            Agora sim, entendi melhor, parte de uma entrevista que o energúmeno sem tatto deu numa das vezes que foi explicar sobre as faixas de ônibus, em ruas que não deveriam ser implantadas, pela pequena largura, ele no final disse: “...eu quero é ajudar quem anda de ônibus, os carros que se ‘ferrem’...” Entendeu agora? Por isso que resolvi chamá-los de energúmenos, pois no Dicionário Michaelis diz:energúmeno sm... indivíduo desnorteado; pessoa que, dominada por uma paixão, pratica desatinos; imbecil...” Eles são dominados pela paixão de agredir a “burguesia” – como diz o chefão energúmeno – e para isso praticam desatinos como esse, de completa imbecilidade! Não dá para ficar em silêncio...


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Moral e Ética

"A autoridade da justiça é moral, e sustenta-se pela moralidade das suas decisões."
Rui Barbosa

Nicanor de Freitas Filho

            Aprendi com minha Mãe que a gente conhece as pessoas, muito pelas atitudes que elas tomam ou pelo que dizem a respeito de algum assunto. Assim, sempre avaliei as pessoas por suas atitudes, opiniões e como se portam sobre certos assuntos. Já errei, pensando que uma pessoa era boa e, de fato, não era. Mas nunca errei julgando uma pessoa ser imoral ou sem caráter!
            Eu nunca tinha me preocupado com o Lula metalúrgico, sindicalista, mesmo porque nunca gostei de nada que se refere a ele e ao PT. Digamos, que a primeira vez que parei para pensar sobre ele, foi o dia que li uma entrevista dele, sinceramente não me lembro a quem e nem em qual veículo de comunicação, que ele, querendo demonstrar as dificuldades que passou na vida, disse: “Em casa só comíamos carne, quando meu irmão mais velho, que trabalhava numa padaria, roubava presunto e trazia para casa...” A forma clara com ele aprovava aquela “única maneira” de comer carne, como digna e válida, me estremeceu! Eu também fui muito pobre e passamos muitas dificuldades, mas nunca aprovaria algo assim, para “comer minha carne”.
            Quando foi nas eleições de 1989, o Collor levantou aquele problema da Miriam Cordeiro, mãe da Lurian, que ele “papou” mandou que ela abortasse, não obedecendo, ele a abandonou na rua da amargura, com a filha. Excelente exemplo de moral e ética!
            Pouco tempo depois que foi eleito presidente da república, ocorreu o falecimento do Papa João Paulo II, e o funeral no dia 02 de abril de 2005, em Roma ele encheu o “Airlula” de ex-presidentes e foram todos para o Vaticano, “passear” com nosso dinheiro. Durante a cerimônia ele recebeu a comunhão. Um repórter questionou se ele havia se confessado. Para quem é católico sabe o porquê da pergunta. Ele com a maior “cara de pau” disse: "Não precisa, eu sou um homem sem pecados". Uma das maiores heresias que já presenciei na minha vida. Para os leigos entenderem: "Para receber a sagrada Comunhão é preciso estar plenamente incorporado à Igreja Católica e em estado de graça, isto é, sem pecado. Quem tem consciência de ter cometido pecado deve receber o sacramento da Reconciliação (Confissão) antes da Comunhão.” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica).
            Nesse dia eu fiz o meu julgamento definitivo sobre a moral e o caráter desse indivíduo! Não vale nada, foi minha conclusão. Talvez ele nem tenha consciência da heresia que cometeu, pois confessa que nunca lê nada. E, pelo que parece, educação familiar também não foi seu forte!
            Não bastasse isto, nos últimos dias de mandato, mandou o Itamaraty emitir passaporte diplomático para todos da família dele, para que pudessem viajar com todos os privilégios diplomáticos, enquanto valer tais passaportes, o que é totalmente ilegal e, principalmente imoral! O que dizer dos onze caminhões lotados, que ele levou do Palácio da Alvorada?
            Não é só pelo problema político, mas principalmente pelas atitudes sem ética e sem moral desse indivíduo, que faço o pior julgamento possível, percebendo que é uma pessoa totalmente sem caráter e sem princípios. Não é a toa que ele diz nunca saber de nada, nunca ter visto nada de errado e inventar mentiras e repeti-las tanto, que para os pobres coitados, semianalfabetos, eleitores dele, ficam parecendo verdades!
            A última dele foi dizer que as pedaladas da Dilma foram para poder pagar o Bolsa Família e o Minha casa minha vida. É ser muito cara de pau! Tudo isto, sem contar o lado político que não vou entrar, porque agora ele assumiu ser, de fato, o presidente e voltou a fazer negócios e conchavos escusos com os presidentes da Câmara e do Senado, além de, ao que tudo indica, voltar a dar ordens ao STF.
            Fechamos com outra de Rui Barbosa: "As leis penais não se prestam à dança macabra dos poetas, às variações caprichosas dos 'dilettanti', ou às misturas fraudulentas dos farmacopolas. As fórmulas do processo são inteiriças e rijas como a lâmina da espada. Não admitem analogias, amplificações, ou tropos."

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Capitalismo e Domocracia

"A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram."
Adam Smith
Capitalismo exige democracia, ética, moral e verdade!
Nicanor de Freitas Filho

            Como sabem, sou Economista e muito me orgulho, por ter aprendido o que é o mundo de verdade, estudando Economia. Quando entrei na Faculdade de Economia São Luis, em 1965, logo após a “Revolução” ou Golpe de 1964 eu entendia perfeitamente que o objetivo do Governo Jango, que se deu em decorrência da renúncia de Jânio Quadros em 1961, era implantar o Comunismo no Brasil, como o fora em Cuba na famosa Revolução Popular de Fidel Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos em 1959, que surpreendeu a todos, pois não se esperava a implantação do Comunismo Soviético como o foi. Foi uma virada espetacular de Fidel, que privatizou os Bancos e as Indústrias – mormente as americanas – e se aliou aos soviéticos, permitindo a instalação de mísseis no território cubano, na porta da cozinha dos Estados Unidos.
            Em 1963 eu estudava na Escola Agrotécnica de Pinhal, e incentivados pelos movimentos “revolucionários” que afligiam o Brasil, fomos instados a fazer uma greve, que durou de 27 de março de 1963 até 18 de agosto de 1963. Perdi um ano na minha vida por causa desta greve e até hoje, não sei bem porque a greve foi feita. Entrei e fiz parte, entendendo que estávamos lutando por melhores condições para estudar, melhores currículos, afinal melhoria na Educação. Mas não foi bem isto o que ocorreu. Descambou-se para “fora Inspetor”, “fora Diretoria” etc., sem clareza de objetivos, pelo menos na minha humilde opinião.
            Cheguei a São Paulo com a cabeça meio que dividida, pois era muito pobre, fui morar numa pensão no Butantã, onde convivia com pessoas trabalhadoras e humildes, que passavam dificuldades. Então eu achava que tinha que ser feita alguma coisa, pois desde a renúncia de Jânio, tudo no Brasil parecia muito difícil e duvidoso. Ninguém acreditava em ninguém! Todos criticavam a todos! Lembro-me que nas vésperas de vir para São Paulo, o Jango passou o salário mínimo de Cr$ 21.000,00 para Cr$ 42.000,00. Eu achei muito bom, pois sabia que iria ganhar o salário mínimo ou pouco mais. Gostei da atitude dele, pois me beneficiava. Mas quase todas as outras medidas que ele tomava eu não entendia o porquê. Nem fazia ideia que os Cr$ 42.000,00 não dariam para quase nada.
            Na Faculdade, pela minha timidez e concordância, com quase tudo, sempre era assediado por pessoas de esquerda e de direita, convidado a participar de “reuniões” e outros eventos. A primeira que aceitei foi na TFP, sociedade de ultra direita, e embora tenha sido muito bem tratado e instruído, não gostei muito não. Depois de algum tempo, nosso colega Cosmo, que se tornou presidente do nosso Diretório Acadêmico, me levou para algumas reuniões, principalmente no prédio da Faculdade de Filosofia da USP, que ficava na Rua Dr. Vila Nova. Eu não tenho certeza absoluta, mas acredito que assisti a uma palestra de José Serra, então presidente da UNE e uma de José Dirceu, que também viria ser presidente da UNE. Fiquei muito assustado, pois embora me parecessem lógicos, os argumentos, sempre falavam em “luta armada”. “pegar em armas”... Aquilo me assustava um pouco.
            Depois de ter escutado muito, eu achava que o comunismo não era bom e que o Golpe de 1964 iria resolver os problemas do Brasil, pois afinal estavam “limpando” o país daquela bagunça que o Jango, Brizola, Arraes, Francisco Julião, Riani e tantos outros comunistas tinham nos metido. Mas no meio estudantil continuava a ser “elevado” o conceito de comunismo, pois a União Soviética vinha “batendo” nos Estados Unidos e parecia que seria mesmo uma unanimidade mundial. Além disso, os Generais brasileiros, depois de Castelo Branco, não agiam com a mesma clareza. A decretação do AI-5 mexeu muito conosco, os estudantes. Era uma vida difícil. Se por um lado os Generais se tornavam cada dia mais ditadores, com o que eu não concordava, os comunistas se tornavam mais violentos, e, começaram a matar empresários e assaltar bancos e fazer atentados violentíssimos, que também não podia aceitar. Aí apareceram Marighela e Lamarca, que além de cruéis, eram muito bem treinados para a guerrilha urbana.
            Quem não viveu nessa época, nunca vai entender o que era a tal da “Guerra Fria”, entre Comunismo e Capitalismo, bem representados por União Soviética e Estados Unidos, respectivamente. Cada um mais armado que o outro e o Comunismo se expandindo com muita rapidez. Eu, na verdade, nunca cheguei a tomar uma posição certa e líquida sobre o problema político. Eu trabalhava e estudava e cumpria todos os meus deveres, como minha Mãe havia me ensinado.
            Em 1968, o país pegando fogo, por causa dos atentados terroristas e prisões que se davam cotidianamente, comecei a ter aulas de Economia Política, com o Professor José Paschoal Rossetti, um grande Economista, conhecedor da História do Pensamento Econômico e de excelente didática. Pra começar, ele geralmente dava suas aulas, sentado sobre a mesa – acho que era para ficar mais visível – e escrevia muito pouco, o que era comum naquela época. Naquele dia ele entrou de jaleco branco, como sempre, sentou-se na mesa – não é à mesa, mas em cima da mesa – e começou a falar de “comunismo”, mostrando todas as vantagens do sistema econômico comunista, centralizado de “administrar” uma nação. Como tudo era quase perfeito no comunismo e seria realmente o sistema política do futuro. Ele falava com tanta ênfase e dando tanta importância ao comunismo, principalmente comparando com o capitalismo. Lembro-me quando ele mostrou que, por exemplo, os preços no sistema comunista era o que o “povo” podia pagar, enquanto no capitalismo era o mercado – isto é, a oferta e a procura – que definiam os preços. No comunismo os bens eram de todos, enquanto no capitalismo os mais ricos sempre podiam ter mais. No comunismo as indústrias e empresas em geral eram escolhidas pela importância para o povo, enquanto no capitalismo havia liberdade para empreender, e, o empreendedor só pensa no lucro. É muito mais fácil criar Leis que beneficiem os mais pobres no comunismo do que no capitalismo, que geralmente está ligado à democracia, onde tudo é mais difícil de votar e estabelecer. Portanto, desde a Segunda Guerra, o mundo estava se transformando no mundo comunista, perfeito de Marx. Curioso é que quando ele falava do comunismo levantava a mão esquerda e quando falava do capitalismo levantava a mão direita.
            Quando já estávamos convencidos de que o comunismo era mesmo melhor que o capitalismo, que o mundo seria mesmo comunista, ele levantou a mão direita, com muita ênfase e disse num tom triunfal: “Eis que surge Keynes”. Nós, alunos, levantamos e aplaudimos! Daí para frente mudou tudo! Começou a mostrar que, a liberdade de empreender, a liberdade de mercado, a discussão das Leis e sua devida observância, o direito à propriedade não tinha nada de errado. Errado mesmo era impor tudo o que o comunismo fazia e começou a mostrar o que o grande Economista John Maynard Keynes apresentou para “consertar” o mundo econômico, depois da Segunda Guerra. Não vou aqui descrever toda a teoria de Keynes, mas posso indicar livros excelentes a quem quiser compreender um pouco da História do Pensamento Econômico: “A Imaginação Econômica” de Sylvia Nasar ou ainda “Capitalismo: modo de usar” de Fábio Giambiagi.
            A partir dessa aula do Professor Rossetti, eu passei a ser “capitalista”, não só pelas suas propostas como principalmente, aprendi com Sir Winston Churchill: “a democracia é a pior forma de governo imaginável, excetuando-se as demais. Da mesma forma, considero o capitalismo o pior sistema econômico imaginável, excetuando-se todos os outros já experimentados.” Ou com o Dr. Roberto Campos: O Comunismo é bom para sair da miséria, mas incompetente para nos levar à riqueza”(1985), ou então a que é bem atual: “A verdade é que o socialismo é mais eficaz como doutrina política de captura e manutenção de poder do que como técnica de desenvolvimento equilibrado” (1973).
            Hoje, acompanhando o governo do PT com seu sistema econômico que chamam de “nova matriz”, que ainda não descobri o que é, mas sei que é contra a democracia, o “capitalismo”, a “burguesia”, os “reacionários”, os “eles”, que somos nós que produzimos, geramos riquezas, cumprimos as Leis, pagamos impostos, temos ética e moral e pensamos no Brasil, concluí que na verdade “nova matriz” deve ser a aplicação, na íntegra, do comunismo Gramscista, imoral, mentiroso e sem ética!

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Lembranças...

         
Nicanor de Freitas Filho

            Vim para São Paulo em meados de março de 1964, recém-formado em Técnico Agrícola, na Escola Agrotécnica de Pinhal. Vim para fazer cursinho e me preparar para prestar vestibular em Viçosa (UFV) ou Piracicaba (ESALQ). Já vim com o emprego “meio” garantido, na Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), cujo Diretor de RH tinha ido à Escola, convidar os Técnicos Agrícolas para vir trabalhar na CAC.
            Dentre as opções de cursinho para vestibular, acabei escolhendo pelo preço, que era o do Grêmio da Faculdade de Filosofia, que ficava na Rua Dr. Albuquerque Lins, em Higienópolis. Era longe da pensão que fui morar, na Rua Butantã, em Pinheiros, mas fazer o que? Era o que dava para pagar. Fui com muita alegria, conhecer o tal Cursinho e no primeiro dia, encontrei um rapaz muito solícito e simpático, o José Augusto Ferraiol, que muito me ajudou, principalmente me deixando usar sua biblioteca, pois eu não tinha dinheiro para comprar livros. Mas ia à casa dele para estudar. O pai dele era o dono das Casas Fausto, uma boa loja de roupas para homens.
            Mas surpresa maior foi no primeiro dia de aula de Matemática. Eis que entra na sala um araxaense, o Professor Ernesto Rosa Neto! Ele não me reconheceu, mas terminada a aula fui falar com ele e disse que era de Araxá, filho da Edith e sobrinho da Tia Alayde, que por sinal era tia dele também, pois era casada com o Tio João Rosa, irmão do Avô do Ernesto. Foi uma das pessoas mais importantes, para mim, aqui em São Paulo. Ajudou-me muito, me orientou e me ajudou, me encaminhou nos estudos, levando-me a fazer o curso de Ciências Econômicas e não o de Agronomia. Para isso, ele me conseguiu um emprego de meio período, no Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais.
            Ele foi o único professor que tive, que nunca dava os resultados dos problemas. Simplesmente dizia “certo” ou “errado”, mas se errado não dizia a resposta certa! Nós ficávamos loucos da vida, porque quase todos os dias de aulas de Matemática, ele sempre deixava um ou dois “probleminhas” para nós resolvermos e levar as respostas na próxima aula. Só ficávamos sabendo a resposta se alguém acertasse, pois então ele dizia “certo” e aí podíamos ver o que era certo. E o dia que ele dizia “errado” para todos? Todos ficavam encabulados!
            Teve um dia que ele chegou com um problema “mimeografado” (quem não souber o que é isso, procure “mimeógrafo” na Internet) que era um desses que tem desenho. Tinha uma ilha com sete pontes e mandava passar somente uma vez em cada ponte e entrar e sair da tal ilha, não sei quantas vezes. Quebramos a cabeça, sozinhos, em conjunto, ninguém conseguiu um “certo”. Ele olhava e dizia “errado”...”errado”...”errado”... Ninguém nunca conseguiu saber qual era o resultado daquele problema. E ele não dizia!
            Sempre fiquei com aquele problema na cabeça e às vezes tentava ainda fazer uns rabiscos. Passaram quase cinquenta anos, perdi o contato com ele, quando fui morar em Cuiabá. Voltei e ele tinha se mudado do Jardim Bonfiglioli e não o encontrei mais. Quando foi em maio de 2011, minha filha, que ficou morando no meu endereço antigo, me ligou dizendo que tinha um Sr. Ernesto me procurando e encontrou o telefone dela, pelo endereço. Liguei para ele, e ele queria meu endereço para me enviar um exemplar do livro Sertão da Farinha Podre. Eu, imediatamente disse que lhe passava meu endereço, mas preferia ir buscar pessoalmente o livro. Peguei o novo endereço dele e marcamos num domingo à tarde e fui lá buscar meu exemplar do Sertão da Farinha Podre (quem não leu ainda, é um romance que conta a história do nascimento do arraial que deu origem a cidade de Araxá).
            Para não ir de “mãos abanando” levei para ele, um exemplar de um livro sobre a Arte Barroca no Brasil, com lindas fotos. Livro de capa dura, muito bonito! Como cheguei na casa dele, entreguei logo o presente para ele, que o abriu e ao ver o livro disse: “Vais levar uma manta!” Referia-se ao tamanho do livro que eu ia ganhar, comparado com o que lhe levei. Conversamos muito tempo, fiquei conhecendo dois filhos dele e ele conheceu minha esposa. Relembramos de alguns detalhes das aulas  de quarenta e tantos anos atrás, principalmente o fato que ele nunca nos dava as respostas dos problemas, etc.. Quase na hora de sair, disse a ele que queria lhe fazer uma pergunta, no que ele prontamente disse que poderia fazê-la. Perguntei então qual era a resposta correta para aquele problema das sete pontes. Ele logo brincou, dizendo que não dava respostas dos problemas. Finalmente ele me olhou rindo e disse: “Não sabe mesmo qual a resposta? Não tem resposta! Ou melhor, não tem solução o problema...”
            Cáspita! E eu que fiquei com aquilo quase cinquenta anos na cabeça...

domingo, 13 de setembro de 2015

Fábula


Nicanor de Freitas Filho
            Eu tenho comigo, e, aprendi isto na escola da vida, que cuidar de uma família, de um departamento, de uma empresa, de um município, de um estado ou de um país é apenas questão do tamanho da responsabilidade, mas esta tem que ser a mesma para qualquer das instituições. E a principal é GASTAR MENOS DO QUE RECEBER E GUARDAR NA BONANÇA PARA GASTAR NAS HORAS DE CRISES! Isto posto, vamos à fábula...
            João e José, profissionais do mesmo ramo, ambos casados e com dois filhos cada, trabalhavam na mesma indústria se conheciam muito bem e ambos resolveram deixar a empresa e abrirem seus próprios negócios. Isto foi lá pelo começo dos anos noventa, tendo começado seus negócios, João prestava serviço para José, já que eram do mesmo ramo. Até que iam bem, mas após o impeachment do Collor, as coisas começaram a complicar e cada um mudou-se para outro estado.
            João foi para o Paraná e continuou no mesmo ramo, após vender sua parte para o outro sócio, e trabalhavam ele e a esposa, enquanto os filhos estudavam. Administrando com cuidado, mesmo com dificuldade, remontou sua indústria, um pouco menor do que era antes, mas aos poucos, com bom planejamento, muita organização e muito, mas muito mesmo controle. Gastar só depois de ter o dinheiro na mão. Não era bem assim, pois quando precisava comprar uma máquina nova, financiava, mas tudo dentro dos limites e possibilidades, com o devido planejamento e controle.
            Aos poucos os filhos, ainda estudando, foram “entrando” no negócio, começando na produção e ajudando aos pais. Passado algum tempo, eles já cuidavam de muitas coisas. Primeiro a mãe voltou para os serviços caseiros e só ajudava quando solicitada. João continuou administrando tudo, com a experiência que tinha, até ter confiança nos filhos. A empresa prosperou e ganharam muito dinheiro, que o João aplicava tudo de maneira até conservadora, principalmente na própria empresa (investimentos). Dizia para os filhos que nunca se sabe o dia de amanhã. Teve uma época em que a conta bancária estava gorda e os filhos queriam cada um o seu carro. O João foi logo explicando, que não tinham necessidade de dois carros, pois estudavam na mesma Faculdade, embora um fizesse engenharia mecânica e outro engenharia química, sempre saíam juntos para passear e era assim que ele queria. Os filhos até que reclamavam, mas sabiam obedecer e respeitar as decisões do pai. Guardaram o suficiente para qualquer eventualidade e tudo estava bem aplicado, diversificado e protegido.             João continuou supervisionando até, ter certeza e confiança total, de que ambos haviam entendido o que significava a empresa para eles.
            Hoje, a empresa está totalmente nas mãos dos filhos, os pais apenas ajudam quando são chamados, principalmente para ajudarem na tomada de alguma decisão e vivem uma vida simples, mas muito tranquila. Têm dinheiro no banco, tem as propriedades que quiseram ter, como casa de praia, um sítio para finais de semana e divertimento, além dos carros e das residências, pois os filhos já casaram e têm suas próprias casas. Tudo conforme João, neto de alemães, tinha aprendido quando jovem!
            O José ficou famoso pela coragem de abrir novos negócios, entrou no ramo de importação, já que o Brasil tinha aberto mais para a globalização. Nesse ramo descobriu que um “pixuleco” resolvia muitos problemas burocráticos e mesmo de “barateamento” dos impostos de importação. Importava para o Rio de Janeiro, mas suas mercadorias eram desembarcadas no Espírito Santo, porque tinha incentivos de impostos. Isto o fez criar um grande caixa 2, pois era necessário!
            Nessa de gostar de novos negócios, se metia em ramos que não conhecia, como num dos casos, no ramo da diversão; comprou uma casa de shows, transformando-a, digamos, numa espécie de “Canecão”, para não ter que explicar muito o que era. Para isso teve que pagar por fora – caixa 2 – uma parte, porque além dos proprietários que não queriam pagar imposto de renda, para ele também era conveniente, porque ele não tinha como comprovar todo aquele valor. Ele tinha o caixa 2.
            Pouco antes desse negócio, divorciou-se e para manter a admiração dos filhos, dava de tudo para eles. O mais velho, estava completando 18 anos, queria uma caminhonete dessas incrementadas, 4W, e ganhou logo uma importada. Como já tinha 18 anos, José colocou a nova empresa, casa de shows, no nome do dele, que sem nenhuma experiência, foi “dirigir” o negócio.
            Enquanto isto, José continuava ali por perto para “ensinar” o filho. Gostou de uma das dançarinas da casa de shows e levou-a para casa. É lógico que o romance só durou o tempo que ela precisou para conquistar tudo que queria ter. Depois acabou!
            Ele depois que se mudou para o Rio de Janeiro “casou-se” com uma nova parceira. Teve mais duas filhas. Ficou mais difícil para sustentar toda esta “família”, que queria de tudo, do bom e do melhor, incluindo a primeira esposa, que mesmo estando bem de vida, queria receber a parte dela, já que ele tinha fama de Midas. Para todos, inclusive familiares, ele era rico. A artista também queria a parte dela. E agora o filho mais novo também completou 18 anos e queria a sua Land Rover.  E esse, logo engravidou uma menina 2 anos mais velha que ele e trouxe-a para casa. Não tinha ainda como sustentar seu lar. Estava estudando História na USP. O pai cobria tudo, muitas vezes não tinha todo o dinheiro, mas não deixava ninguém saber, pois o orgulho não permitia.
            A nova esposa era muito vaidosa e não se preocupava em economizar não! As filhas tinham tudo que queriam e até o que não sabiam, mas a mãe lhes comprava.
            Nesse ínterim, a casa de shows, mal administrada, quebrou e as demandas trabalhistas foram para um volume impressionante, que eles não faziam ideia! Era muito além do que pensavam! Na Justiça Trabalhista, embora com bons advogados, perdiam quase todas as causas. O filho não tinha patrimônio, então era José quem bancava tudo. O mais novo, formou-se, fez uma festa, mas fazer o que? Professor ele não queria ser. Que fazer com o diploma de Bacharel em História, formado pela USP? Nada, enquanto o pai continuava a se endividar para cobrir os gastos trifamiliares, pois a primeira esposa recebia pensão, a artista recebia uma “pensão”, por fora, e a nova família tinha despesas elevadas, pois a nova esposa sabia como gastar com ela e com as filhas. Os dois filhos sempre tentando novos e mirabolantes negócios. Todos viviam muito bem, mas ele... coitado! Sabia que seu patrimônio não cobriria nem um terço das dívidas! Começaram as dificuldades...
            Amigos? Sumiram todos, mesmo aqueles que frequentavam semanalmente sua casa. Aproveitavam da piscina, com os filhos, assistiam aos jogos de futebol, porque tinha sempre muita comida e bebida e era tudo de primeira! José continuava “esnobando”, pois tinha crédito, tinha fama, pagava um “pixuleco” aqui, outro ali e ia rolando as dívidas. Cada vez maiores! Até que um dia explodiu!
            Sabem o que ele fez? Disse que estava muito surpreso, pois não esperava por isso. Nunca previra que pudesse chegar nesse ponto! Todos deviam acreditar nele e continuar a lhe dar crédito. Podia ter cometido algum errinho, mas não tinham motivos para lhe tomarem tudo assim...
            Qualquer semelhança não é mera coincidência...

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Eclipse de 1.947


Nicanor de Freitas Filho

Motivado por uma postagem no Facebook, do Professor Ernesto Rosa, sobre o eclipse de 1947, tendo Araxá, como uma das cidades escolhidas pelas Expedições Científicas Estrangeiras, para observação do fenômeno, fui consultar minhas anotações – escritos sobre minha vida – que chamo de “Memórias”, e encontrei algumas notas a respeito. Primeiro, o fato que vou descrever, eu o tenho na minha memória, como um filme. Não tenho dúvidas sobre o que vi. Segundo, o que mais me surpreendeu, é que eu tinha então, três anos e três meses de idade, já que ocorreu no dia 20 de maio de 1947. Eu nasci em 15 de fevereiro de 1944. Terceiro, nunca conversei com ninguém de Araxá sobre esse eclipse, para que me lembrassem alguma coisa que marcasse essa minha lembrança.  Quarto, conversei sim, em Portugal, quando fui, a trabalho em 1993, numa Feira de Cadernos Escolares, conheci lá um cientista americano – que não me lembro o nome – que quando eu disse que era brasileiro, ele perguntou de onde, e eu respondei Araxá, ele me informou que “foi a cidade que deu toda cobertura aos russos, que foram para Araxá, espionar sobre a existência e a qualidade do urânio que tem lá.” Eu que nunca tinha ouvido falar nisto, fiquei um pouco surpreso, mas o Sr. Américo Barbosa, proprietário da melhor fábrica de cadernos de Portugal, na época, e amigo do cientista, estava conosco e confirmou este fato sobre os russos. Quando estava escrevendo minhas memórias em 2011, fui procurar isto na Internet e encontrei esta informação como verdadeira. Descobri que os russos foram para Araxá e os americanos foram para Bocaiuva, ambos queriam também, comprovar que se podia medir distâncias, pela velocidade da luz, uma teoria finlandesa, para ajustar a mira de mísseis, que na época ainda era incipiente. Assim, tinham equipes aqui em Minas e também na África, a uma distância pré determinada, onde o eclipse seria também total, para comprovar tal teoria.
Mas o que importa é de que eu me lembro. Lembro que alguns dias antes do eclipse, a Alayde Rosa – minha prima, que eu chamo de Dedete – arranjou uns vidros e ia lá para casa, na Rua Costa Sena, para enfumaçar com a fuligem da lamparina de querosene, para podermos olhar para o eclipse, no dia, porque não se podia olhar a olho nu. Preparamos muitos vidros para todos olharmos. Não me lembro de ter olhado, mas lembro-me, muito bem, da preparação dos vidros e do falatório e da expectativa a respeito do esperado fenômeno.
No dia, lembro-me que minha família ficou toda ansiosa para a hora do eclipse. A Rua Costa Sena era de terra, onde jogávamos bola, pião, bolinha de gude e tudo mais. Na esquina da Costa Sena com a Carvalho Lopes, em decorrência da erosão da enxurrada, havia um grande buraco, bem perto do muro do Colégio São Domingos, que nós chamávamos de Colégio das Freiras. Na frente da nossa casa, tinha um jardim, que foi onde a família se reuniu, para “olhar o eclipse”. Começou a escurecer em pleno dia, acredito que antes do almoço, e num determinado momento, ficou realmente noite e muito escuro. Também me lembro que não durou muito tempo, talvez uns dez minutos, no máximo, e voltou a clarear. 
Nesse ínterim, ia descendo pela rua, uma pobre senhora, provavelmente analfabeta – o que era muito comum na época – com um saco meio cheio nas costas, e, desandou a chorar, dizendo que “O MUNDO ESTAVA ACABANDO, QUE ERA CASTIGO DE DEUS...” Então a Dinha (minha Avó) e a Tia Suça (Cicinha), tentaram falar com ela, que era apenas um eclipse, fenômeno já esperado, que ia passar logo... Mas a mulher não parava de chorar e dizer mil impropérios, até que chegou na esquina da Rua Carvalho Lopes, e no escuro, caiu no buraco da enxurrada... Aí sim, ela chorou e berrou e blasfemou. E é disso que não esqueço, porque, com meus três anos, fiquei muito assustado com os gritos dela, até que alguém que estava na Venda (ou seria Bar?), que ficava do outro lado, na Rua Costa Sena mesmo, foi lá para ajudá-la a sair do buraco. Quando a tiraram já estava clareando, por isso que me lembro que não foi por muito tempo. Lembro-me também de terem me vestido um agasalho, porque esfriou, mas não acredito que tenha chegado a zero grau, como se disse.
O que não descobri, foi o que os russos espionaram por lá, porque, pelo que sei o nosso urânio foi quase todo para outros lugares...

domingo, 6 de setembro de 2015

Pizza à vista?


Nicanor de Freitas Filho

            Que falta faz um Joaquim Barbosa! O Dr. Sérgio Moro faz muito, mas pelos privilégios autorregulamentados, ele não pode agir contra nenhum político. Aliás, não pode nem ouvir as confissões dos delatores contra os políticos, segundo quer o Deputado Eduardo Cunha. É uma pena porque o Dr. Moro é firme e forte, tanto quanto foi o Min. Joaquim Barbosa, mas só pode julgar e decidir sobre os suspeitos “não políticos”. E ele tem feito, e, bem feito, o que pode! Mas está limitado.
            Já o Procurador Geral, Sr. Rodrigo Janot, para quem tanto torcemos, para ser reconduzido ao cargo, pelo que parece, perdeu a vontade de mostrar serviço, já que ganhou mais dois anos na importante função. Depois de ouvir a “falta de decoro” do Senador Collor, deu-nos a entender que, não quer mais este tipo de enfrentamento. Pelo menos é isto que estamos entendendo. Passou a mandar arquivar tudo que possa “ofender” seus indicadores e aprovadores... ou não? Será que estou sendo injusto?
            Por outro lado, assistindo uma parte do interrogatório da CPI ao Sr. Marcelo Odebrecht, parecia uma reunião de confraternização! Os deputados só não pediram desculpas a ele, ao vivo, mas no resto, fizeram todas as “mesuras” que se faz num encontro, aos convidados. Ele então se sentia à vontade! Estava no seu ambiente preferido, ou seja, no meio de políticos, que lhe devem muitos favores e coisas tais...  Alguns Deputados, inclusive de oposição, levantaram a bola para ele cortar! Já deu para ver que com os bons advogados, amigos dos “lá de cima”, não terão dificuldades em levar os julgamentos finais até ao STF, através de chicanas e favorecimentos.
            Enquanto isso, a oposição não toma nenhuma medida prática para ajudar a resolver de vez o problema. Agora, que foi um fundador do PT, Dr. Hélio Bicudo, quem entrou com pedido de impeachment, era hora da oposição agir com consciência e tranquilidade, para tocar em frente esse assunto e resolver o problema. É bom para o Brasil o impeachment? Não, não é bom! Definitivamente não é bom. Assuma quem assumir depois dela, vai ter mais dificuldades que qualquer outro, que não seja do PT, para consertar qualquer coisa, pois a CUT já avisou que pega nas armas e vai para rua, além de, nestes 12 anos o PT “ter aparelhado” todas as atividades – não vou nem dizer órgãos ou instituições – mas são as atividades sim, qualquer delas tem alguém do PT que manda, e, manda mesmo! Definitivamente o impeachment não é bom, mas devido a resistência da presidente em não renunciar, é menos pior o impeachment do que os próximos três anos dessa forma! Aliás o Temer confirmou isto. Acho até que ele já preparou quase tudo, para o caso de vir a assumir. Ele já fez mais que toda o oposição!
            Lembro-me perfeitamente no dia que o publicitário Duda Mendonça, sem ter sido convocado, apareceu lá na CPI do Mensalão, tomou o lugar de uma das sócias dele, e confessou ter recebido não sei quantos milhões de dólares, no exterior, por serviços prestados ao PT. (Engraçado né? Ele foi absolvido pelo STF). Logo após a cena incrível da confissão, o falecido Senador Antonio Carlos Magalhães foi entrevistado por uma emissora de TV, e o repórter foi muito claro em perguntar: “então, os senhores vão fazer o pedido de impeachment de Lula?” Ele respondeu com muito sarcasmo: “não, não é preciso, preferimos vê-lo sangrar até a eleição de 2006”... Ele foi reeleito, além de eleger e reeleger o seu poste!
            Como escrevi outro dia, falta à oposição liderança, coragem e criatividade para tomar as medidas que, seriam capazes de nos tirar desse buraco que estamos.

domingo, 30 de agosto de 2015

Capacitação Profissional = Educação

Nicanor de Freitas Filho

            Ouvindo ontem a CBN, o bom programa “50 mais” – apesar de ter 71, ainda assim gosto de ouvir, principalmente os convidados – que, no caso de ontem, foi o Dr. Jerson Larks, do Centro para Doenças de Alzheimer do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, que muito se emocionou quando do Dr. Alexandre Kalache fez uma homenagem ao pai dele falecido, segundo entendi, na Polônia, mas que muito contribuiu socialmente, aqui no Brasil.
            Dentre muitas coisas que ele ensinou, ficou confirmado para mim, que o principal problema do Brasil, sem dúvida, é a EDUCAÇÃO – ou a falta dela. Ainda que, possa nos parecer que hoje seja a corrupção, essa não existiria se todos fossem educados! Uma das primeiras coisas que se aprende numa boa escola é ÉTICA! (Não brigar com o coleguinha, não “pegar” as coisas dos outros, não mentir, dividir os brinquedos, obedecer às regras, etc.) Ele confirmou um dado, que eu já sabia, mas não tinha ideia de quanto, é a falta de capacitação da maioria dos médicos, de fazer um diagnóstico correto do Alzheimer. Ele disse que 80% dos portadores desta doença, não são diagnosticados corretamente, por pura falta de capacitação dos médicos. Principalmente agora, com a “importação” de muitos profissionais, que além de não terem a mínima noção da cultura local, não estão também, capacitados a atender a população mais pobre do Brasil, que muitas vezes nem sabe por que vai ao médico. Simplesmente porque “não estou bem...” Mas, pelo que entendi, os próprios médicos, formados no Brasil, não recebem a devida capacitação para enfrentar nossa realidade! As Faculdades não os preparam, nem os Hospitais, onde fazem residência.
            Trabalhei na área Gráfico-Editorial por 28 anos, fui Gerente do Depto. Comercial de uma tradicional editora brasileira. Vou omitir nomes para evitar constrangimentos. Essa Editora, sempre atenta ao grande mercado – compras governamentais – captou a necessidade que teria o mercado, após a aprovação, pelo MEC, dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), aprovados na gestão do Ministro Paulo Renato, de livros que atendessem o novo aprendizado contextualizado e interdisciplinar, para o desenvolvimento das habilidades e competências exigidas nas grades curriculares. Num ato corajoso e correto, contratou duas professoras que, digamos assim, foram responsáveis por grande parte da redação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, no MEC, na gestão de Paulo Renato, para coordenarem a produção dos livros, de acordo com esses PCN, para todo o ensino médio. Essas duas professoras, se juntaram com cerca de 50 professores e profissionais da área, para produzirem os livros. Sem entrar muito em detalhes, foi criado um “volume”, que poderia ser composto de várias formas pelo professor que o utilizaria, já que era impresso em fascículos de 16 ou 32 páginas e poderiam ser “montados” numa pasta A-Z, da forma que lhes aprouvessem.
            Pois bem, pronto o material, saímos à rua para divulgação do mesmo. Somente duas Escolas se interessaram em adotá-los, nenhuma delas pública. Sabem por quê? Porque nenhum professor se sentia capacitado a usá-los, pois não estavam capacitados a dar aulas, de acordo com os PCN, que por sinal, já estavam em vigor, há pelo menos, cinco anos. Então partimos para capacitá-los, nós mesmos, uma vez que o investimento já tinha sido muito grande, então era melhor investir um pouco mais para atingir nossos objetivos. Qual o que! Não tivemos apoio, nem das Escolas, nem do Governo. Não faltou empenho do pessoal da Editora, principalmente das duas coordenadoras, em trabalhar, na tentativa de capacitar – ensinar mesmo – os professores, para que pudessem adotar os livros, mas os professores preferiam trabalhar com o “feijão-com-arroz”, que já estavam acostumados e lhes permitia dar aulas, sem o trabalho de prepará-las.
            Eu fiquei totalmente decepcionado com as atitudes dos Diretores, Orientadores Educacionais, Coordenadores e Professores, não só das Escolas Públicas como também das particulares. Fui estudar e saber por que não se interessavam por material tão bem elaborado e que ajudaria muito aos próprios professores. Descobri então, que a maioria, não tinha preparação profissional para o professorado, ou seja, tinha outras atividades, que não lhes permitia dar total atenção ao ensino. Não preparavam aulas, simplesmente repetiam o que todos faziam. Quando muito, trocavam algumas ideias entre si, e, tocavam as aulas como dava. Não tinha ninguém para fiscalizar, e para os alunos, quanto mais fácil melhor!
            Nos estudos que fiz, na época, obviamente me levaram à Finlândia, Japão e Coreia do Sul. Apesar do tamanho, o mais comparável ao Brasil é o caso da Coreia do Sul, que em 1963, tinha dados educacionais e econômicos similares aos do Brasil. Com um planejamento muito bem elaborado e principalmente, muito bem executado, e sério, dando total prioridade, no início, à capacitação dos professores e ao ensino fundamental (6 a 12 anos), até início dos anos 80, quando foi incrementado o ensino médio e posteriormente o superior. Eles aplicam cerca de 5% do PIB na Educação, mas o salário base de um professor lá, é por volta de quatro mil dólares. Ou seja, o dinheiro é muito bem aplicado e não tem corrupção! O Professor tem prestígio, mas também é muito exigido. As escolas lá funcionam das 7 às 17 horas. E pelos dados da época, Brasil e Coreia tinham na década de sessenta 35% de analfabetos e hoje o Brasil ainda tem 13% e a Coreia zero. A renda per capta lá, hoje é de 35 mil dólares, no Brasil anda por volta de 10 mil e em recessão. Isto em cinco décadas.
            O que eu quis mostrar é que EDUCAÇÃO é tudo que precisamos, pois ética, cidadania, desenvolvimento, riqueza e tudo mais, vêm depois dela, ou seja, é consequência! E o começo de tudo é a capacitação profissional!

Nota: Não estou criticando nenhum professor – tenho irmãos e amigos professores – apenas informo o que constatei na época (2001/2002) Minha crítica é dirigida aos governantes.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Até quando??


Nicanor de Freitas Filho

            Ontem pela manhã, ouvindo a Rádio CBN, ouvi a notícia que o poste 2 e seu secretário sem “tatto” fizeram uma “patacoada”, excelente expressão usada pelo  Âncora da CBN Milton Jung. Patacoada, para quem não sabe, segundo o Michaelis é: “jactância ridícula, disparate, mentira, peta, basbaque...”, ou seja, uma burrice muito grande, dessas que não tem como negar depois!
            Como sempre eles, definitivamente demonstram que, não sabem os quatro estágios de qualquer atividade: Planejamento, Organização, Administração e Controle, conforme nos ensinou Taylor e Fayol. Então, como erraram muito nas marginais e nas avenidas, em regiões menos importantes, tendo regulado os radares para uma velocidade e as placas indicando outra, tiveram que reduzir a indústria de multas, porque estava tudo errado. A região do Pacaembu, como é muito importante, eles não queriam errar. Foram lá e trocaram todas as placas de velocidade para 50 km/h, mas como ainda não estava informado devidamente e não estava implantado, o que ocorreria somente na segunda-feira, colocaram adesivo em cima do 5, transformando-o em 6, ou seja, ainda valia a velocidade de 60 km/h. Aí, acertaram os radares para iniciar a indústria das multas e se esqueceram de retirar os adesivos. Pode?
            Quando o primeiro reclamante, reclamou, o poste 2 e o sem “tatto” mandaram dizer que foi “VANDALISMO” “deles” (devemos ser nós, que não somos do PT). Acontece que a Equipe do Bom Dia São Paulo, acompanhou tudo e não tinham como jogar a culpa em “nós”. Depois de muitos desajustes, que se tornaram uma patacoada, não tiveram outra alternativa, a não ser confessar o erro. Mas não pediram desculpas!
            E continuamos sem inspeção veicular – parece que ninguém lembra mais –  que funcionava muito bem, até 2013, mas o poste 2 achou que isto não renderia mais votos nas próximas eleições e acabou com a inspeção. Quantas pessoas ficam doentes ou morrem em São Paulo, por causa desta outra patacoada? Não sei dizer, mas tenho certeza que isto acontece!
            Ah! Por falar em mortes, o poste 2 e seu secretário sem “tatto” já têm duas mortes debitadas para as “lindas faixas vermelhas para ciclistas”, muito bem planejadas,  executadas e controladas.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Liderança

Nicanor de Freitas Filho

            Recebi no domingo 16 p.p., de um amigo, cópia de texto que ele enviou para vários jornais, onde conta ter recebido um folder, durante as manifestações de 16 de agosto, na Avenida Paulista, muito bem feito, onde se lia em destaque “Fora Dilma”, “Fora Lula” e “Fora PT”. E no texto ele sugere aos autores do folder, que no próximo, acrescentem “Fora PSDB” e explica que já não podemos contar mais com as lideranças deste partido, uma vez que, na melhor das hipóteses, são políticos talvez honestos, mas covardes, pois não têm honrado os 51 milhões de votos recebidos, na última eleição! Declara ainda que os 51 milhões de eleitores, que votaram no PSDB, são cidadãos, não comprometidos com os esquemas do atual governo, nem “sócios” do bolsa-família. Ele se refere ainda a uma resposta dada pelo Sr. Sérgio Fausto (superintendente do Instituto FHC) em uma entrevista ao Estadão: "O partido fez um movimento de aproximação dos grupos anti-Dilma com receio de ficar para trás nesse processo e, em algum momento, de ser punido eleitoralmente por não emprestar apoio ao movimento. O partido não marcha unido em direção aos movimentos. São dois passos para frente, dois para trás. Em resumo, o PSDB percebe e intui que corre um risco de se manter afastado do movimento, mas tampouco tem estratégia clara de como lidar com ele".
            Lendo isto, lembrei-me imediatamente, de um curso de Administração por Objetivos (velho hein?), onde o instrutor afirmava categoricamente, que em qualquer órgão, privado, público, institucional, associações, sem fins lucrativos, ou qualquer outro tipo organização, não conseguirá atingir seus objetivos se não tiver uma Liderança, sim com letra maiúscula, firme, forte e verdadeira! Nunca me esqueci disto nos meus 38 anos seguintes, de trabalho. E, como não sou um líder nato, tive sempre que me esforçar muito, para conseguir liderar, meu setor, minha empresa, meu clube, meus ex-colegas, meus condomínios e ou qualquer grupo que me incluo. A menos que eu já entre como um “liderado”, e, tenha um bom líder! Não é Jayme? (ele sabe ao que me refiro).
            Essa é a grande diferença entre o PT e o PSDB: LIDERANÇA! O PT tem um líder, incontestável, que manda, desmanda, toma decisões, assume posições, faz, desfaz, briga pela causa, fala asneira, mas não perde a liderança. Quem manda é ele e todos sabem disso! E, principalmente, obedecem! Ninguém tem coragem de contestá-lo, mesmo quando ele não faz o que dele se espera. Já no PSDB... hummmm...
            Quem é o líder mesmo? Bem, o Aécio é o presidente, mas o Alckmin – apoiado pelo grupo Covas – manda muito mais! E o José Serra, tem alguma voz no partido? Ele é de reconhecida competência. Ah! Nenhum dos três? É o Fernando Henrique? Deveria ser e deixou de ser, exatamente, por não saber agir como Líder. No ano de 2000, era o Presidente da República, reeleito, vencendo o Lula em duas eleições, tinha “cacife” eleitoral, queria que o Mário Covas (que já estava doente) fosse o seu sucessor na Presidência da República. Mas, por falta de liderança, não soube conduzir as prévias, perdeu sua indicação e não aceitou a decisão do partido, que queria o José Serra como candidato à sucessão dele. O Serra tinha tudo para ser eleito. Tinha sido um bom Ministro, principalmente feito um bom trabalho no Ministério da Saúde e tinha potencial enorme para vencer as eleições. O Sr. Fernando Henrique, ficou “amuado”, por não ter convencido o partido de indicar o Mário Covas – que infelizmente faleceu em março de 2001 – resolveu que, como Presidente, não deveria apoiar um membro do seu partido! Ficou neutro... Deu no que deu.
            Será que hoje, vendo como o Lula escolheu seu “poste” e o elegeu e reelegeu, ele não se arrepende do que fez? Acredito que não, pois, não me esqueço da “cara de felicidade” dele, passando a faixa presidencial ao Lula, lembram-se? Depois ficou mais duas eleições sem liderar o partido, pelo menos visivelmente. E, de novo, seu partido perdeu para o Lula, com Alckmin em 2006, e para a Dilma em 2010. Em 2014, até que tentou ajudar, mas já não é mais líder e se amedrontou tanto com os ataques do PT, sobre seus mandatos, que sumiu na boca do povo. Ele comete algumas incoerências que são lamentáveis. Recentemente ele deu uma entrevista a uma Revista Alemã – Capital – e defendeu ardorosamente a “honestidade de Dilma” e ainda disse que “seria ir longe demais colocar Luiz Inácio Lula da Silva na cadeia, pois trata-se de uma figura pública”.  
            Curioso esse Sr. Cardoso, ou talvez, esquecido. Será que ele se lembra quando em fevereiro deste ano, a Sra. Dilma disse ao Brasil que, “se os escândalos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados durante a gestão de FHC, alguns dos funcionários corruptos não estariam mais praticando atos ilícitos”, o ex-presidente rebateu, emitindo uma nota: “A Excelentíssima Presidente da República deveria ter mais cuidado. Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de consciência. Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor".
            Dá para entender uma liderança como esta?

Nota: Este texto foi escrito no dia 16 de agosto, à noite. Como sempre, gosto de fazer a revisão um ou dois dias depois, onde normalmente corrijo, acrescento, e retiro algumas coisas, que no dia que se escreve, não são observados. Na segunda, dia 17, li, nos jornais, algumas notas a respeito de declarações do Sr. FHC e achei que não devia publicar, mas hoje, quando ia apagar, achei que não tem nada de errado, mesmo com uma pequena mudança de atitude dele. Então vai...

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Araxá venceu Galo no Mineirão e fez história em 1969


Alcino de Freitas


Todos conhecem a grandeza do Atlético. O que apenas alguns conhecem é a força que o Galo tinha no fim da década de 60 e início da década de 1970. Nas cobranças de escanteio, Dadá Maravilha subia, antecipava ao goleiro e marcava. 

No dia 22 de março de 1969, uma das vítimas do atacante foi o Araxá Esporte, pelo Campeonato Minero, no Mineirão. A diferença é que a jogada famosa por decidir jogos e até campeonatos a favor do Galo só diminuiu o prejuízo do time da capital. Antes disso, Esmeraldo e Aguinaldo tinham marcado para o Ganso.


Em pé: Esq. para direita: FRED ,ESMERALDO, CLAUDIO, SALTON, FRANKLIN, EDUARDO
Agachados: Esq. para direita:PAULINHO , AGUINALDO, NATO, SPENCER, GERALDINO

O primeiro tempo terminou com o Ganso à frente do Atlético Mineiro. Já na segunda etapa, o Galo voltou com Dadá Maravilha, no lugar de Lola. O atacante saiu do banco de reservas, para diminuir a vantagem do Araxá. Porém, o confronto terminou com a vitória do time do interior. 


Aguinaldo comemorando o gol com o ponta direita no Mineirão (Foto: José Aguinaldo/Arquivo Pessoal)

O ex-zagueiro Marco Antônio Silva, conhecido como Salton, também vestia a camisa do Araxá naquele dia e nos contou parte da história. “No fim do jogo, o Aguinaldo sofreu uma falta e saiu carregado do campo. O jogo terminou e a gente só pensava como ele estava, não dava para celebrar a vitória sem ele. Quando ficamos sabendo que Aguinaldo estava no hospital, trocamos de roupa correndo e fomos pra lá. Só depois que vimos que ele estava bem é que comemoramos o 2 a 1 em cima do Atlético, no Mineirão”, relembrou Salton.


Salton relembra que poderia ter evitado o gol de Dadá (Foto: Maritza Borges)

O companheirismo de 1969 reflete até hoje entre Aguinaldo e Salton. Os dois não se esquecem que, naquele ano, o Araxá ficou em 3º lugar, em arrecadação no Campeonato Mineiro, atrás somente do de Atlético Mineiro e Cruzeiro. Ano em que a torcida fez a diferença, dentro e fora de casa.

A vitória sobre o Atlético, por 2 a 1 representou um novo momento para o time do interior mineiro, que passou a ser reconhecido pela imprensa da capital.  “A imprensa da capital passou a reconhecer o Araxá Esporte como uma das forças do futebol mineiro. Em 1966, fomos campeões, permanecemos no acesso, ganhamos do Atlético, em 1969, e em 1970 o clube fecha as portas, encerrando um ciclo. Foi muito difícil, por que a equipe estava muito bem e de repente tudo se acabou“, relembrou, com triste saudade, Salton.

Confira as escalações do jogo em 1969:
Araxá Esporte Clube: Fred, Claudio, Esmeraldo, Salton, Eduardo, Franklin, Aguinaldo, Spencer, Paulinho,Nato e Geraldinho.
Atlético Mineiro: Mussula; Vânder, Grapete, Djalma Dias, Cincunegui; Vanderlei Paiva, Amauri Horta, Ronaldo; Vaguinho, Lola (Dadá Maravilha) e Tião.

Fonte: Alcino de Freitas e Globo.com

Notas do Blog:
Nota 1: Todas as equipes em Minas são representadas por um animal; O Araxá Esporte Clube é o Ganso.
Nota 2: Só para lembrar, o Galo no fim da década de 60 e início da década de 70 era muito bom mesmo, a ponto de ter sido, em 1971, o primeiro Campeão do verdadeiro Campeonato Brasileiro de Futebol.