Claudia Fonseca de Freitas Saraiva
Sou muito grata a Deus por toda felicidade que me
proporcionou e me proporciona nesta vida!
Talvez a melhor coisa que tenha me acontecido foi nascer,
isto mesmo, simplesmente NASCER. As demais são consequências.
Mas sempre acontece um novo fato na vida e acabamos por
dizer “nossa, a melhor coisa que me aconteceu!...”. Assim sendo, melhor dizer,
“está é a última melhor coisa que me aconteceu na vida!”
Meus pais....não poderia Deus ter escolhido melhor. Deram-me
amor, educação e proteção, e me ensinaram a caminhar por esta vida, no começo
de mãos dadas, e aos poucos foram me soltando. Encaminharam-me e hoje sou assim
feliz! E devo grande parte disso a eles. Dedicação ilimitada.
Depois “esbarrei” com o Dady. Este então foi escolhido, à dedo, por Deus
com sua tamanha sabedoria. Ele só podia ser meu! Quantas qualidades, Lindo!
Pessoa honesta, trabalhadora, grande jogador de tênis, marido, pai, mas com
cara de bravo, (risos). Minha admiração profunda. Meu amor sincero. De quebra,
aumentou minha família, meus sogros, minha cunhada, meu cunhado e agora minha
mais nova afilhada Bruna. Fora isso, com ele, tive meus maiores presentes, e
mais uma vez, “a melhor coisa me aconteceu na vida!”
Descobrir que estava grávida em 2006 foi simplesmente
indescritível. Uma felicidade incrível, que só quem teve um bebê no útero pode
entender. Tudo fica leve, tudo fica alegre. Senti-me a melhor pessoa do mundo!
Amava uma criatura que me chutava na barriga o tempo todo, que me tirava o
sono, e eu nem sabia como era seu rostinho. Diverti-me demais e curti a
gravidez toda, embora tenha passado muito mal com enjôos, o que não me tirou a
alegria em um só momento. Cada coisinha pensada e feita com tanto amor
esperando a chegada do Guilherme.
Eis que nasceu o Guilherme em 04 de maio de 2007. Meu
Deus, quanto amor, não sabia o que era isso! Ficava horas olhando aquele bebê e
não me cansava. Parecia que nada mais existia no mundo, pelo menos, mais nada
tinha tanta importância. A
cada movimento dele eu vibrava mais que a primeira final da copa do mundo, que
assisti, onde o Brasil saiu-se vencedor, nos pênaltis, e eu pude vibrar! Foram
grandes vitórias ao lado do meu pequeno Gui.
Com ele aprendi tanta coisa. Aliás, continuo aprendendo.
Ele é inteligente e bonito como o pai, sorridente e feliz como eu.
Tirador de sarro... E o amor só foi crescendo, se é que pode, porque já nasce
infinito esse amor. Como foi difícil deixá-lo na escola nos primeiros dias,
afinal ele era só meu, como dividí-lo? Sofri, foi difícil, mas passou e sei que
foram ótimas as conquistas dele. Fez amigos, aprendeu a falar, a se comunicar,
a ler e escrever, a jogar futebol (será?), a ser “gente”, a respeitar, entre
tantas outras coisas. E como isso tudo é gratificante. Achei que nunca mais ia
amar alguém assim.
Mas o tempo passou senti a vontade e a necessidade de ter
outro filho e dar à ele um(a) irmão(ã)....uma pessoa que fosse companhia e
família para ele, além da mãe e do pai.
E em 2009 eu engravidei, que felicidade! Mas passou, com
14 semanas de gestação acabei por fazer uma curetagem em decorrência de uma
gravidez “anembrionada”. Sofri intensamente, quando descobri que não havia
embrião algum dentro do saco gestacional, como sofri, chorei dentro de mim por
muitos dias e noites. Apeguei-me mais ainda ao Guilherme!
E em 2010 nova chance me foi dada. Novamente estava
grávida. Tamanha era a alegria quando fiz o ultrassom e vi um coraçãozinho lá
dentro batendo, mais uma vez digo, indescritível, só sentindo mesmo para saber.
E mais uma vez eu podia dizer que a melhor coisa tinha me acontecido na vida.
Todavia, aquele anjinho resolveu que não era a sua hora. E foi embora com cerca
de 12/13 semanas. Foi ai então que eu desisti. Curti muito o Guilherme, muito
mais ainda, porque eu posso dizer que tive o privilégio de ficar muito com meu
filho, fizemos muitas coisas juntos, talvez ele não vá se lembrar quando
crescer, mas eu jamais vou me esquecer de todos os nossos momentos. Era a maior
felicidade da minha vida!
E como tudo tem o lado bom e o ruim, penso que talvez eu
o tenha sufocado com meu amor intenso, queria-o só pra mim, era tudo o que eu
tinha na vida, era meu e pronto!
Foi quando, num exame de rotina, em 2011 o médico me diz
“gestação de cinco semanas....” (não vou relatar aqui tudo o que aconteceu
naquele momento, até porque o médico que realizava o exame deve ter me achado
uma louca, em último grau, diante da minha reação). Insisti que não poderia
ser, afinal estava evitando, e é melhor parar por aqui neste tópico (risos).
Deixo para relatar em outro momento, porque hoje dou risada do que aconteceu.
Na verdade, naquele momento, senti um misto de felicidade
intensa, mas com tamanho medo de vir a sofrer, novamente, que eu não sabia se
ia aguentar. Susto! Medo! Foram sensações e sentimentos que caminharam juntos
com o “mais novo melhor acontecimento da minha vida!”
Tenho comigo que nossas famílias também tinham receio de
um eventual novo sofrimento, mas de outro lado acredito que cada um no seu
cantinho rezou e pediu muito a Deus para que esse fosse um momento de pura
felicidade.
Quantos exames, quanta prevenção, quanto cuidado e
carinho da minha médica, que comigo já tinha sofrido também. E assim os dias
foram passando... Curtia muito o Gui, e uma nova barriga que foi crescendo, e,
se de um lado a sensação de que demorou, em razão da ansiedade, para que tudo
desse certo, de outro lado passou rápido demais porque o Guilherme preenchia
meu dia com sua alegria!
Susto! Dia 19 de dezembro de 2011, cerca de 29 semanas de
gestação, um sangramento considerável. Acudida pelas meninas que trabalham comigo,
que prontamente me levaram para a maternidade, tão aflitas quanto eu, mas tão
rápidas e diligentes quanto uma ambulância e seus médicos. Imensa gratidão! Foram
momentos desesperadores, mas um alívio enorme quando ouvi aquele coraçãozinho
batendo!! E batia muito!! Chorei muito, mas de felicidade e alívio. (minhas
amigas e minha mãe também choraram eu creio!)
Ansiedade sem fim, contando dia a dia, semana a semana.
36 semanas de gestação, ufa ! tudo estava indo bem.
Passei um sábado no clube, cansada com o peso da barriga,
e minha Camilinha que chutava mais que qualquer jogador de futebol em treino
intenso.
Acordo no domingo, ainda muito cedo, com dores e
“contrações”, creio que um pouco descontrolada. E corremos para a maternidade.
Nós três, o Dady, o Gui e eu! E ali encontramos meus pais, bem na entrada.
Prontamente atendida pela médica que se encontrava no
hospital, escuto-a dizer ao telefone, para minha médica, que eu estava
“descompensada”, e apesar da dor, pude entender perfeitamente o significado e
ficar bastante irritada com isso. “Descompensada?” Descompensada era ela que
não sabia a dor e o medo que eu sentia naquele momento!
Depois fui saber que “descompensada” significava que as
contrações que eu tinha não eram compatíveis com meu estado e minha dor. Ah ta.
Então ta explicado.
Sala do parto. Meu Deus! Minha filha vai nascer
prematura! 36 semanas. As médicas cuidadosas e carinhosas, principalmente
porque tinham acompanhado TODOS OS ACONTECIMENTOS.
De repente, ali deitada, anestesiada, e percebo as caras
de “algo está errado”. Susto ou pânico
(não acredito que médicos sintam pânico, pois lidam com fatos inesperados
frequentemente, mas era o que eu podia ver, naquele momento, nos olhares
trocados entre eles (depois soube que minhas dores eram decorrentes de um
grande coagulo que ali se formou, e a possibilidade de ter causado uma
hemorragia, mas deixa pra lá, não devem ser relatados) ansiedade, momento
tenso, muita oração, e de repente, palavras doces da assistente da médica para
me preparar e tranquilizar caso houvesse qualquer procedimento ou conduta
diferentes do padrão “parto”, em razão das consequências do coagulo, que até
então, eu nem tinha conhecimento.
BUÁÁÁÁ, o melhor dos choros que pude escutar em toda minha
vida!! A Camila nasceu!!
Também fui capaz de ver a cara de alívio de cada um deles
que estavam ali comigo naquele momento mágico. E diante da tensão ali
instalada, o clima foi descontraído quando o anestesista me disse “como ela é
linda”!! Linda!! Isso mesmo, linda, toda amassada, e inchada, mas era a menina
mais linda que eu já tinha visto, e novamente aquele imenso amor tomou conta de
mim. E mais uma vez, podia dizer “a
melhor coisa que me aconteceu na vida!”. Nasceu forte e saudável. De prematura
não tinha nada! Tanto que saímos juntas da maternidade! E nisso já se passaram
dois anos.
Sim hoje é aniversário da Camila! Dois anos. Como ela é
linda e graciosa. Independente, quer fazer tudo sozinha. Ela é charmosa. Ela é
brava. Ela é amorosa demais. Tinha em meus pensamentos que nunca mais sentiria
aquele amor que sentia e sinto pelo Gui, e de forma instantânea nasceu o amor
pela Camila, tão grande e igual. Parabéns minha filha querida. Como é possível
amar tanto duas pessoas que mudam completamente a vida da gente.
Faz-me tão bem e tão feliz ver o amor que o Guilherme
sente pela irmã Camila, e o amor que a Camila sente pelo irmão Guilherme.
Como é grande o meu amor por eles.
E enfim, essas são “melhores ‘coisas’ que aconteceram na
minha vida”!
Grata a Deus, porque tudo acontece na hora certa!