segunda-feira, 29 de abril de 2013

Esportes 8 – Futebol e Papagaio



Nicanor de Freitas Filho
            Por mais que eu queira só contar causos, tem hora que não dá! Terça e quarta-feira da semana retrasada assisti, pela TV, quatro jogos de futebol. Bayern 4 x 0 Barcelona, Borussia Dortmund 4 x 1 Real Madrid, Brasil 2 x 2 Chile (Mineirão)e Brasil 2 x 1 Peru (Sub-17). (hoje já sei que o Brasil empatou de 2 x 2 com o Paraguai e não tem mais chances de chegar ao título).
            Embora na Europa eu “torça” pelo Real Madrid, não posso deixar de confessar, que aprecio muito o futebol do Barcelona, não só por Messi, mas pelo padrão de jogo que foi implantado pelo grande craque holandês Johan Croyff, seguido por Guardiola e, ao que parece, está ficando um pouco desatualizado. Não está “vencido”, apenas desatualizado, pelo menos pelo que vimos na terça e quarta-feira passadas.
            Eu aprecio muito o futebol do Barcelona, pelo avanço que deu na forma de se jogar. Realmente, diferenciou muito na essência do futebol. Este quando foi criado, na Inglaterra, cada turma de jogadores era chamada de “team” e que em Português, pelo menos no Brasil, virou “time”, mas na verdade a tradução de “team” é “equipe”, porque se jogam 11 jogadores, uns ajudando aos outros, ou seja, formando um jogo de  equipes.  E foi o que o Croyff implantou no Barcelona. Tanto é verdade que o número de troca de passes e o deslocamento de jogadores é impressionante! Geralmente ficam com a bola em mais de 2/3 do tempo de jogo.
            Os clubes brasileiros e também a nossa Seleção (incluindo a sub-17), não entendeu a evolução do jogo de futebol. Continuamos jogando nos famosos esquemas criados, principalmente a partir de 1966, quando saímos do 2-3-5 para 4-2-4, alguns 4-3-3, outros 2-4-3-1 ou ainda os que jogam com 3 zagueiros 3-4-3. O Barcelona joga de tal forma que podemos dizer que jogam num esquema 4-4-4. Mas como eles jogam com 12 jogadores de “linha”? Não! Só que, como jogam em equipe, tem sempre 4 jogadores na “jogada” e 4 na retaguarda. Eles se deslocam e trocam passes com tanta facilidade, e, principalmente habilidade – e treinamento – que se transformam em 4-4-4. Vocês já repararam o quanto o Messi, Iniesta, Xavi, Pedro, David Villas, voltam para marcar? E o quanto o Daniel, Jordi, ou Adriano atacam? E o quanto o Piqué e Busquets armam jogadas? Então é isso aí!
            Enquanto isto nossa Seleção continua jogando com dois zagueiros bem atrás, dois volantes “marcadores” um homem para “armar” as jogadas, um atacante que faz o “pivô” e mais dois laterais e dois “ajudantes”, um para os volantes e outro para o armador. Assim, na maioria das vezes ficamos num 4-4-2... “Volante que marca gol é bonitinho para a imprensa, não para o time”, ouvimos isto alguns dias atrás... Lembram-se? E assim foi o jogo de 2 a 2 com o Chile. Leandro Damião, Ronaldinho, Jadson, Neymar, nem pensar em voltar para marcar. São “criadores” ou “matadores”. O que aconteceu? Uma grande vaia para a Seleção em pleno Mineirão, e os gritos de olé a cada troca de passes da Seleção Chilena.
            Pior, é que no jogo da Seleção sub-17, treinada pelo senhor Galo, jogando no mesmo padrão CBF. Ganhou, por acaso, da fraquíssima Seleção do Peru, que se não me engano, não ganhou nem empatou nenhum jogo ainda, no hexagonal. Por isso mesmo é que o nosso novo treinador só ganhou da Bolívia (ganhou de quem?? da Bolívia??)! Ah! Bão!! Mas o jogo não foi em Oruro não, a quase 4.000 metros de altitude! Então ganhou de ninguém!
            Isto me faz lembrar de quando era criança e tinha como um dos meus hobbies soltar papagaio (ou pipa como alguns dizem). Quando fui soltar pela primeira vez, lembro que a linha era enrolada num pedaço de madeira (cabo de vassoura cortado). Mais adiante começamos a usar as latinhas de massa de tomate, pois eram mais grossas e enrolava mais depressa. Para soltar papagaio é importante você ter o total controle da linha, pois para fazer o papagaio subir, ou tem que estar ventando forte, ou você dar um corrida, até o papagaio pegar certa altura, ou se você puxar a linha com muita rapidez.  Muitas vezes, para fazer o papagaio subir, a gente tinha que correr e ainda enrolar a linha na latinha para puxar mais rápido. O “puxar rápido” também era importante, porque tinha alguns “bandidinhos” que enroscavam seus papagaios com os outros e puxavam rápido, “roubando” o papagaio dos mais fracos. Assim, apareceram aqueles marmanjos com as latas de óleo, que eram bem mais grossas e enrolavam a linha mais depressa. Mas tinha que ter mão grande, para segurar a lata muito mais grossa. E, logicamente, tinha aqueles que tinham poder aquisitivo e mandavam fazer as tais das carretilhas, estas sim, puxavam os papagaios com muita rapidez. Muitas vezes até para subir o papagaio, bastava “dar linha” e enrolar rápido na carretilha que ele subia.
            Até que um dia, meu Padrinho Tarcísio – que era mecânico-eletricista – fez para mim uma carretilha diferenciada. Ele utilizou um jogo de engrenagens, de uma antiga furadeira manual, cuja relação de rotação era de aproximadamente, quatro vezes, ou seja, cada volta que eu dava na manivelinha, as pás enroladoras, davam quatro voltas. Fácil! Não precisava nem correr para soltar o papagaio. Bastava enrolar rápido minha carretilha-de-engrenagens que o bichinho subia fácil. Ninguém mais me “roubava” papagaio, pois eu era capaz de puxar muito mais depressa que qualquer um dos “bandidinhos” que usavam lata de óleo, ou mesmo carretilha comum.
            Porque que eu fui me lembrar disto, relacionando ao futebol? Porque essa carretilha com engrenagens era igual ao 4-4-4 que o Barcelona joga. Não tinha como perder! Pois é, tive sorte que não apareceu ninguém com uma carretilha impulsionada a um motorzinho a pilha, como essas do Bayer e do Borussia! Porque eles passaram a jogar num 5-5-5 que estraçalhou as carretilhas do Barcelona e do Real Madri (bem verdade que esta tem um jogo de engrenagem só de dois por um...).
            E não é que o Felipão continua dando “latinhas de massa de tomate” para nossa Seleção soltar papagaios na Capa das Confederações?

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A Homenagem - Minha Filha(?)


A Homenagem
Publicando este poema, escrito por meu irmão – que já não está mais conosco – para homenagear sua filha, que havia falecido em 1999, homenageio os dois! Hoje faz 4 anos da precoce morte dele. Que estejam com Deus!!


                       Minha Filha (?)

                                                               Luiz de Freitas

Nasceu em uma tarde linda
Por isto tinha um brilho radiante
A beleza de uma noite enluarada
E uma inteligência intrigante!

Tudo em sua vida foi precoce
Só não lhe sorriu a sorte
Pois esta rosa, quando ainda em botão,
Foi colhida pelas mãos da morte!

Enquanto viveu só nos deu alegrias
Viveu como a gente quis
Só não sei dizer, com certeza,
Se ela também foi feliz!

Humilde, doce, sincera, meiga,
Tinha para todos um grande sorriso
Sem preconceitos de qualquer tipo
Sua partida foi para nós um aviso.

Aviso de “filhos” não são nossos
Temos apenas licença de criar e educar.
Na verdade, são filhos de Deus
Que os chama, quando deles precisar.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Causo 83 Doutor Armando



Nicanor de Freitas Filho
            Logo que chegávamos na Escola Agrotécnica de Pinhal, tínhamos que fazer exames ergométricos. Medição, pesagem, assopro, teste de força, exame da pele, garganta, olhos e pênis. Aí o Dr. Armando dizia, todo mundo nu, como nasceu. E mandava levantar a perna, a outra perna, levantar os braços, vire de costas, volte para frente e puxe o prepúcio. Se não fosse até o final, ele dizia, fica ali à esquerda. Foram uns 10 ou 12. Eu não estava nessa turma. Então ele explicava o que era fimose e porque tinha que ser feita a cirurgia. Principalmente por problema de higiene. Encheu a Enfermaria, logo na primeira semana. O Dr. Armando cuidava de nós, alunos, como se fôssemos filhos dele. Ele era muito “gente boa”!
            Tem um caso que não esqueço nunca. Estávamos na quadra jogando basquete para suar e ir para o banho, antes do almoço. Tínhamos que suar porque lá só havia água fria nos banheiros.
            À tarde a turma do 2º Ano de Mestria teria prova de Matemática. Um de nossos colegas dessa classe, que não me lembro do nome agora, não queria fazer a prova, pois com certeza não tinha estudado. Então ele correu para a cesta e trombou com o poste que suporta a cesta, caiu e desmaiou. Tentamos de toda maneira reanimá-lo, mas não teve jeito. Ele ficou lá no chão mole, desmaiado. Aí tivemos que chamar o Dr. Armando, que desceu até à quadra com a estreita maca que tinha lá na Enfermaria.   Colocamos o colega na maca e subimos para a Enfermaria, onde ele foi colocado na mesa do ambulatório. Depois de auscultá-lo por um bom tempo, abrir os olhos dele e examinar com aquela lanterninha, bater na sola do pé dele, levantar e baixar os braços e as pernas algumas vezes, ele disse: “- O caso dele é realmente sério e grave!” Isto nos deixou muito preocupados, pois estávamos ali em 4 ou 5 que ajudamos a levá-lo de maca, vendo todo aquele cerimonial dos exames. Ele então completou: “ – O caso é tão sério que vou ter que aplicar nele uma injeção de 300 ml de um líquido que contém ácido e arde pra burro. Sorte é que ele está desmaiado, senão não aguentaria a dor!” E pegou uma seringa  veterinária de uns 25 cm encheu-a de água, colocou uma agulha enorme na ponta da seringa e pediu para que cada uma de nós segurássemos um pé e uma mão, com força, porque ele iria reagir com violência, por causa da dor. Quando seguramos os pés dele, ele começou a se mexer, virou um pouco a cabeça para o lado e com a maior “cara de pau” do mundo perguntou como quem está chegando: “– O que houve? Onde que eu estou?” O Dr. Armando disse: “– Fique quieto que preciso lhe aplicar esta injeção agora, senão será muito tarde e pode voltar o desmaio.” Ele foi logo dizendo: “-Não Doutor, já estou bem, já está passando o mal estar, pode deixar.” Mas o Dr. Armando insistia que tinha que lhe aplicar a tal injeção.  E nessa altura ele já estava de pé, dizendo que estava tudo bem. É claro que o Dr. Armando, ao examiná-lo, percebeu a farsa e encontrou uma maneira rápida e didática de “curá-lo”. Ele era assim, tinha solução para tudo!

domingo, 7 de abril de 2013

Causo 82 Meu Fox Paulistinha apaixonado...



Regina Célia Mastine
            Mozart, o meu Fox paulistinha, meu companheiro, minha segurança no trânsito, pois sempre quando abro a porta de meu carro ele é o primeiro a entrar. Já latiu muito para um possível assaltante, que chegou a colocar a mão sobre o vidro da janela de meu carro, mas que saiu assustado com as latidas do meu Mozart. Sinto que ele me protege!
            Um belo dia, Mozart ficou apaixonado pela cachorrona do vizinho de nossa chácara. Ele adentrou na chácara da frente e não conseguimos tirá-lo de lá, acontecendo então a sua primeira noite de núpcias... Ficamos preocupados, pois ele estava cansado, com a língua enorme para fora e não alcançava na enorme cachorra... Subiu nas costas dela com um pulo, muito empolgado e cavalgou... Foi muito engraçado! Nunca vi um cão montado sobre uma cadela e ela deslizava nas gramas e jardins, encaravam a escuridão das matas para observar a lua cheia, lá no Vale do Igapó.
            Eram livres, tão absurdamente livres, quando galopavam pelos verdes dessa terra, que o próprio chão parecia sumir para facilitar a decolagem em direção a um paraíso qualquer.
            Quem ama, esse companheirismo e essa interação nada têm de fictício, eu estava batendo fotos deles, mas deveria tê-los filmado, pois estava encantada e meio extasiada com a situação...
            Então! Isso vai virar um causo mineiro, sou Itajubense, sô!
            Tivemos que deixá-lo na chácara do vizinho que estava fechada e o dono ausente... Sem saber como tirá-lo de lá, pois as cachorras – eram duas – avançavam na gente... A única informação que tínhamos do vizinho é que ele trabalha no INSS. Então na manhã seguinte fui cedinho ao INSS para entrar em contato com o dono da chácara em frente da nossa e sabia apenas o primeiro nome do proprietário. Lá chegando perguntei ao segurança, na portaria, pelo tal funcionário. Ocorre que havia dois funcionários com o mesmo nome, não sabendo o sobrenome, mas para identificar expliquei que era o que tem uma chácara no vale do Igapó.
            Fui informada que ele estava em férias e o celular que me passaram não atendia. Depois que mostrei as fotos que comprovavam a situação de meu Fox paulistinha, uma gentil funcionária entrou em contato com a loja da esposa, explicou o que estava ocorrendo com o Mozart; eles então me passaram o endereço...  Depois de acertarmos uma hora, fui então à chácara para buscá-lo e o proprietário vizinho também ficou de ir para lá. Quando cheguei vi o meu Fox paulistinha apaixonado, rolando com a cachorrona e ele não estava nem aí comigo, nem pulou de alegria quando me viu, como sempre fazia, rolando com a “noiva” na terra, também apaixonada e encardida... Quando finalmente consegui colocá-lo no meu carro ele veio chorando e gritando, incontentável com apenas uma noite de lua de mel!
           
Bauru, fevereiro de 2013.