Dizem que quem tem amigos
não morre pagão! Como não tenho tido tempo de escrever, por causo dos netos,
apelei para meu irmão, que é repórter e colunista esportivo e conhece muito do
futebol mineiro. Mas aí já apareceram amigos com causos curiosos para me
salvar.
Estou postando hoje o causo de uma amiga de Baurú.
O triste e engraçado “causo da orelha verde”
Regina Célia Mastine
Eu trabalhava no Hospital de Anomalia Crânio Facial
da USP, conhecido como o “Centrinho de Bauru”. Num certo dia foi admitida uma
criança portadora de uma síndrome “Teachers Collins”, para ser submetida a implante
de orelha. Como eu era a enfermeira no setor de internação fui fazer a anamnese
da criança, em entrevista com a mãe descobri que éramos conterrâneas.
Fiquei surpreendida com o caso, e como
minha querida terra Itajubá fica tão longe de Bauru, sentimos uma afinidade
tamanha, até mais atenciosa fui e a criança
só queria essa Tia Regina ao seu lado, nos momentos da troca de
curativos da cirurgia realizada pelo
exímio Dr. Antonio, o qual sempre me chamava para acompanhá-lo nos
procedimentos.
Na cirurgia foram implantados três pinos
de titânio no pavilhão auricular da criança, para posteriormente adaptar a
orelha moldada em silicone na cor da pele da criança. A semana toda ela ficou
internada até a total cicatrização dos pinos e todos os dias eu estava ajudando
o excelente médico no curativo do local da cirurgia de minha conterrânea.
Chegou o dia afinal! Vai ser
adaptada a orelha, e as minhas conterrâneas, mãe e filha, estavam radiantes. Surpreendida
fiquei quando a criança disse: “Que bom Tia Regina eu vou poder usar arquinho
igual a você”. Senti um impacto de imediato ao pensar que sempre ao colocar meu
arquinho (tiara) na cabeça nunca agradeci às
minhas orelhas e sem elas ele não
consegue ficar lá atrás e prender os
cabelos. Retirei minha tiara, entreguei para a menina e falei: “então fica com o meu arquinho.”
Passaram-se dois anos e eu consegui
transferência de setor, para não ter que trabalhar aos finais de semana. Fui
para o CPA (Centro de Pesquisa Audiológicas) trabalhando no pré e
pós-operatório das pacientes que eram submetidas ao implante coclear. Um lugar
abençoado e um privilégio de Deus em
pertencer a equipe de Implante coclear. Então, a minha conterrânea, mãe da
criança que não tinha orelhinha, foi no CPA procurar-me. Ao encontrá-la abraçamos
e ela falou que teve que retornar porque a orelha de sua filha ficou verde. Fiquei
curiosa e perguntei como e por quê? Ela falou que foi passar água oxigenada
para clarear os cabelos da filha e esqueceu de retirar a orelha...
Eu respirei profundamente para segurar o
riso, não acreditava o que estava ouvindo...Felizmente
só a moldagem de nova orelha que foi necessário fazer e adaptou-as novamente na
cor bronzeada de sua pele.
Deu muita vontade de rir,
estava muito diferente do real, surpreendeu demais!
Primeira e única vez que vi orelha
verde!!! Isso aconteceu com mineiras uai...