quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Causo 71 O triste e engraçado “causo da orelha verde”


Dizem que quem tem amigos não morre pagão! Como não tenho tido tempo de escrever, por causo dos netos, apelei para meu irmão, que é repórter e colunista esportivo e conhece muito do futebol mineiro. Mas aí já apareceram amigos com causos curiosos para me salvar.
            Estou postando hoje o causo de uma amiga de Baurú.



O triste e engraçado “causo da orelha verde”

Regina Célia Mastine

     Eu trabalhava no Hospital de Anomalia Crânio Facial da USP, conhecido como o “Centrinho de Bauru”. Num certo dia foi admitida uma criança portadora de uma síndrome “Teachers Collins”, para ser submetida a implante de orelha. Como eu era a enfermeira no setor de internação fui fazer a anamnese da criança, em entrevista com a mãe descobri que éramos conterrâneas.
     Fiquei surpreendida com o caso, e como minha querida terra Itajubá fica tão longe de Bauru, sentimos uma afinidade tamanha, até mais atenciosa fui e a criança  só queria essa Tia Regina ao seu lado, nos momentos da troca de curativos da cirurgia  realizada pelo exímio Dr. Antonio, o qual sempre me chamava para acompanhá-lo nos procedimentos.
     Na cirurgia foram implantados três pinos de titânio no pavilhão auricular da criança, para posteriormente adaptar a orelha moldada em silicone na cor da pele da criança. A semana toda ela ficou internada até a total cicatrização dos pinos e todos os dias eu estava ajudando o excelente médico no curativo do local da cirurgia de minha conterrânea.
Chegou o dia afinal! Vai ser adaptada a orelha, e as minhas conterrâneas, mãe e filha, estavam radiantes. Surpreendida fiquei quando a criança disse: “Que bom Tia Regina eu vou poder usar arquinho igual a você”. Senti um impacto de imediato ao pensar que sempre ao colocar meu arquinho (tiara) na cabeça nunca agradeci às  minhas orelhas  e sem elas ele não consegue ficar lá  atrás e prender os cabelos. Retirei minha tiara, entreguei para a menina e falei:  “então fica com o meu arquinho.”
     Passaram-se dois anos e eu consegui transferência de setor, para não ter que trabalhar aos finais de semana. Fui para o CPA (Centro de Pesquisa Audiológicas) trabalhando no pré e pós-operatório das pacientes que eram submetidas ao implante coclear. Um lugar abençoado e um privilégio de Deus  em pertencer a equipe de Implante coclear. Então, a minha conterrânea, mãe da criança que não tinha orelhinha, foi no CPA procurar-me. Ao encontrá-la abraçamos e ela falou que teve que retornar porque a orelha de sua filha ficou verde. Fiquei curiosa e perguntei como e por quê? Ela falou que foi passar água oxigenada para clarear os cabelos da filha e esqueceu de retirar a orelha...
    Eu respirei profundamente para segurar o riso, não acreditava o que estava  ouvindo...Felizmente só a moldagem de nova orelha que foi necessário fazer e adaptou-as novamente na cor bronzeada de sua pele.
Deu muita vontade de rir, estava muito diferente do real, surpreendeu demais!
      Primeira e única vez que vi orelha verde!!! Isso aconteceu com mineiras uai...

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Causo 70 "Bicho" para perder o jogo?


O dia em que o árbitro ganhou “bicho” para “perder” uma partida.

Alcino de Freitas

            Fato verídico acontecido na cidade de Patrocínio, durante uma partida entre o Araxá Esporte Clube e a equipe da Patrocinense, oportunidade em que o alvinegro araxaense tinha a obrigação de se apresentar naquela cidade como pagamento do passe do zagueiro Ganso. O time do Araxá Esporte estava bem preparado, bem treinado, vencendo as demais equipes aqui da região.
            Como sempre o problema era dinheiro para pagar a manutenção do plantel e contratar bons jogadores. José Pires sempre preocupado com o problema financeiro, com as dividas com a Pensão Tormim do Jairo do Espírito Santo Brito, tinha mais este gasto indesejável de viajar até a vizinha cidade de Patrocínio e arcar com mais esta despesa, além do pagamento do “bicho” aos jogadores, em caso de vitória.
            Já no primeiro tempo o Araxá Esporte vencia a Patrocinense por 1 a 0, com relativa facilidade. Matreiro, inteligente, José Pires pensou e concluiu o seguinte: é mais fácil pagar o “bicho” pra um, do que para o time inteiro.
            No intervalo do primeiro para o segundo tempo, chamou o árbitro num canto e lhe propôs o seguinte:- “se você inverter esta vitória em derrota, eu lhe pago um ‘bicho’”. Missão fácil para o árbitro que passou a marcar tudo em campo, escanteios, faltas e até penalidade máxima contra o Araxá Esporte Clube, fazendo com que, o Clube Atlético Patrocinense saísse vencedor. Anos depois, fiquei sabendo que, após a partida, ainda dentro do vestiário, alguns profissionais que participaram do jogo, desconfiaram da referida tramóia e além de cobrar, acabaram por receber os seus direitos.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Causo 69 O bode de Araguari


Meu irmão mais velho é cronista esportivo em Araxá. Pedi ajuda a ele, para não diminuir as postagens no blog, uma vez que ando muito ocupado. Aí vai a primeira:

 O bode de Araguari

Alcino de Freitas
            Na década de 60, quando o Araxá Esporte Clube disputava o campeonato mineiro da segunda divisão, os diretores do clube só pensavam em subir para a primeira divisão. E para galgar esta posição, valia tudo, promessas, trabalhos de umbanda, feitiçarias, etc... etc...etc.
            Certa feita, o Araxá Esporte tinha um jogo contra a equipe da Ituiutabana, em Ituiutaba. Essa vitória representava o trabalho de um ano, pois a derrota eliminaria o clube araxaense do campeonato.
            Os diretores da época, encabeçado pelo senhor José Esteves Pires, ficaram sabendo que, em Araguari, tinha um senhor que “amarrava um bode” e não deixava o time perder. Pensaram eles, o negócio é ir até Araguari e mandar o homem amarrar o bode para vencermos o jogo.
            Naquela época, todos os jogadores do Araxá Esporte ficavam hospedados na Pensão Tormim do Jairo do Espírito Santo Brito, alias outro eminente prócer da diretoria. José Pires e outros diretores foram, de carro no sábado, para Araguari e encarregaram o Jairo de chefiar a delegação no domingo bem cedo, de ônibus para Ituiutaba. Como eu era, na época, o único representante da imprensa esportiva, que acompanhava o time, também embarquei.
            Chegando a Ituiutaba, já perto da hora do almoço, nos juntamos ao senhor José Pires e outros diretores, notei que todos tinham um semblante carrancudo, caras fechadas, cochichando daqui, cochichando dali, o ambiente estava pouco pesado, o que não era natural nessas ocasiões. Como repórter e curioso fiquei apreensivo em saber o que se passava, apesar de um silêncio absoluto.
            Na hora do almoço, sentei-me à mesma mesa com um dos diretores já falecido e indaguei sobre o que estava acontecendo. Ele me pediu sigilo, mas, contou-me: “Ontem fomos até Araguari para mandar amarrar um bode. Lá chegando fomos até a residência do senhor que faz o serviço, só que fomos informados pelo mesmo que, os diretores da Ituiutabana, já haviam passado por lá e feito tal recomendação. Assim sendo, ele não poderia desfazer o serviço e a vitória estava garantida a equipe de Ituiutaba”.
            Agora, já sabendo do segredo e da derrota por antecipação, dirigimos para o estádio pessimistas. Um jogo difícil, truncado, primeiro tempo terminou sem abertura de contagem e no segundo tempo, Germano, atacante, irmão do Ganso, recebeu uma bola pelo lado direito, foi fazer o cruzamento para dentro da área, a bola ganhou um “efeito” e entrou no ângulo do goleiro adversário. Final: Araxá Esporte 1 x 0 Ituiutabana. Voltamos todos vibrando com a vitória!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Causo 68 ...Toma Seis Ladrão!


Calma! É jogo de truco...

Nicanor de Freitas Filho
            Como foi amplamente divulgado, o Ministro Joaquim Barbosa é mineiro de Paracatu, que fica na Serra da Mata. Lugar onde se joga muito Truco. O truco, como sabemos, é um jogo que exige coragem e frieza para se jogar. É um excelente treinamento para se enfrentar situações fora da zona de conforto, como é o termo usado atualmente. Todo jogador de truco adquire alguns “truques” para enfrentar os adversários.
            É muito comum no jogo do truco, acontecer que uma dupla passe partidas seguidas sem receber boas cartas e vai dando um “desespero”. Perde tudo! Às vezes para tentar quebrar a rotina, desconfia que os adversários não tenham “manilha” (maiores cartas) e trucam. Exatamente nessa mão (cada rodada do jogo) os adversários têm o zape (ou zápete, que é a maior carta do jogo)! É sempre assim! Então, quando isto acontece exatamente com “aquele” adversário, de quem não se pode perder de forma alguma, dá desespero! E tem muito jogador, que não tem controle e nesta hora “vira a mesa”, ou seja, levanta e diz: “ – Não jogo mais...” Abandona a mesa e vai esfriar a cabeça, tomando uma cachacinha ou uma cervejinha... Tem vezes que essas reações são tão violentas e absurdas, que ficamos sem saber se são engraçadas ou ridículas, de tal forma que algumas vezes, quem assiste, jogadores ou sapos (quem não está jogando e dá palpite no jogo) não esquecem nunca. Sempre que se juntam, perguntam: “ – Lembram aquele dia que o fulano chutou o pau da barraca, virou a mesa e foi embora? Como foi ridículo, não? Caramba! A gente pensava que ele era controlado...”

            Pois é! Assistindo ontem ao julgamento do Mensalão, a cena que ocorreu foi de jogo de truco! Sem dúvida... O Ministro Joaquim Barbosa, bom jogador, aprendeu a jogar em Paracatu, terra de truqueiros, deu as cartas, o Ministro Lewandowski, que já vinha perdendo todas as mãos, tinha saído com o 7 de ouros, no pé (último que joga), era agora ou nunca! Trucou, mas o Ministro Joaquim Barbosa, como sempre acontece nestas horas, estava com o zape, botou seis e o Ministro Lewandowski, p. da vida, não teve dúvidas, levantou e disse: “ – Chega! Não jogo mais!” E foi esfriar a cabeça lá fora... (Não foi noticiado se bebeu uma cervejinha ou uma cachacinha). O Estadão só publicou que ele ficou dando volta no prédio do STF e falou várias vezes ao telefone. Deve ter ligado para o “Mestre” dizendo: “ – Porra meu (ele tem sotaque paulista) fiz tudo conforme vocês me disseram, mas o cara só tem zape. Assim não dá! Estou avisando que não adianta.  Não tem mais como ganhar este jogo. Mudaram de postura! Alguma nova ordem?” Pelo jeito, não deve ter obtido resposta...